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domingo, 30 de março de 2003

Portugal vai à guerra

Povo, o Espírito de Porco ficou uns dias na muda por conta de uma viagem a trabalho e de uma gripe, mas volta em ponto de bala com uma contribuição da Drica:

O governo de Portugal, a exemplo de Iglaterra e Espanha, resolveu dar ajuda militar aos americanos no ataque ao Iraque. Vejam, a seguir, uma foto exclusiva do mais moderno armamento aéreo português.



terça-feira, 25 de março de 2003

Não custa sonhar

Bush morre intoxicado por fumaça de gasolina

Texas – O presidente dos EUA, George Walker Bush, acaba de cometer um suicídio involuntário. Ele morreu às 19h, dentro da garagem de seu rancho no Texas, com a boca no cano de descarga de seu carro. Segundo o assessor de imprensa da Casa Branca, Ari Fischer, o presidente não tinha a menor intenção de se suicidar, inclusive tinha vários planos para o dia seguinte – já tinha agendado pescaria, passeio a cavalo e algumas bombas para jogar no Iraque.

Amigos desconfiam que Bush tenha levado muito a sério o lobby petroleiro que o convenceu a não assinar o protocolo de Kioto. Os donos das companhias de petróleo do Texas repetiram tanto que a gasolina era inofensiva, que não fazia tanto mal assim para o meio ambiente, que, acredita-se, o presidente ingenuamente tenha achado que ela também fazia bem à saúde. O resultado desse erro de julgamento foi a morte do estadista. O funeral do presidente Bush será realizado no Texas, na sede da Texaco.

Ótima contribuição enviada pela Bete

segunda-feira, 24 de março de 2003

Virou moda?

Pela segunda vez em pouco mais de uma semana, um juiz foi assassinado, agora no Espírito Santo, como mostra a Folha On Line. Alexandre Martins de Castro Filho, diz o jornal, fazia parte de um grupo que combatia o crime organizado no estado e foi morto a tiros por dois homens que fugiram de moto.

Como a reação mais efetiva do governo ao primeiro crime – a morte do juiz Antonio José Machado Dias, em Presidente Prudente (SP) – foi o ministro da Justiça reforçar a segurança da própria família, parece estar aberta uma temporada de caça a magistrados.

E a gente ainda acha que a guerra é no Iraque...
Taí a prova

Quando eu falo que políticos americanos não são humanos, dizem que é implicância. Mas olhem só onde o líder dos democratas no Senado, Tom Dashle, botou a mão na hora de jurar a bandeira. Agora, se os democratas não têm coração, imaginem os republicanos....


Piração geral II

Mais uma prova de que vivemos tempos loucos: qualquer pessoa civilizada que leia uma letra do rapper Eminem se assusta com a boçalidade, a misoginia, a violência e o ódio gratuito que parecem sintetizar aquilo que os próprios americanos chamam de white trash. Entretanto, Eminem boicotou solenemente a cerimônia do Oscar ontem, apesar de ter levado a estatueta de (que os Deuses os perdoem) melhor canção.

Enquanto isso, nosso antigo compositor baiano, todo metido a politicamente correto e pronto a comprar polêmicas por aqui, foi lá e cantou pianinho, a despeito da guerra dos donos da casa...

sábado, 22 de março de 2003

Barbárie

Vendo esta foto abaixo de Bagdá na sexta-feira, lembrei-me de outra imagem: a Catedral de St. Paul, em Londres, sendo atingida por uma V2 nazista. Que os americanos, ignorantes, carniceiros e irresponsáveis, cometam uma atrocidade dessas, tudo bem. Mas é triste ver os ingleses, que enfrentaram ataque tão brutal e desproporcional há 60 anos, fazerem o mesmo.



Ah, por que será que até agora Saddam não usou as "armas de destruição em massa" que, segundo o governo americano, ele possui?

sexta-feira, 21 de março de 2003

Pérolas do cotidiano II

"Eu sou bárbara, mas meu nome ainda é Kátia."

Kátia Carneiro, respondendo a um cliente que perguntara se o nome dela era Bárbara
Piração geral

Essa eu recebi da minha querida Kiki Ramalho:

"Você sabe que o mundo enlouqueceu quando o melhor rapper é branco, o melhor jogador de golfe é negro, um australiano venceu a America's Cup, a França acusa os EUA de arrogância e a Alemanha não quer entrar numa guerra."

Nota do Espírito de Porco: A frase foi mantida na íntegra, apesar de "melhor" não ser um termo que se aplique a rappers.

quinta-feira, 20 de março de 2003

Com licença, Stanislaw

Um flashback do Febeapá aconteceu hoje na coluna Pessoas, do Globo, na simpática nota abaixo:

Uma canja do músico Thijs Van Leer , ontem na Modern Sound, terminou num programa inesquecível para o funcionário da loja e tiete Roberto Medeiros . O integrante do extinto Focus, um dos mais respeitados grupos dos bons e antediluvianos tempos do rock, sentou-se ao piano da megastore, tocou por uma hora e meia e, ao conversar com Roberto, soube que o brasileiro tem em casa um raro video-laser com um concerto da banda no Japão. Van Leer disse que nem ele conhecia esse registro, pediu ao dono da casa, Pedro Otávio Tibau , que liberasse o funcionário e partiu para a casa dele. Os dois passaram boa parte da tarde à frente do vídeo conferindo o show, para encantamento do tiete.

— Foi um dia para entrar na história da minha vida — vibrou.


Acontece o extinto grupo Focus tocou ontem à noite no Canecão, razão pela qual Thijs Van Leer estava flanando no Rio de Janeiro.

Ah, claro que a inveja de Roberto Medeiros é abissal.
Crédito

A caricatura ao lado, dos tempos em que eu usava barba, foi feita pelo meu querido Leo Martins.

quarta-feira, 19 de março de 2003

Música traduzida

Atendendo ao pedido do Akira, aqui está a tradução da música de Bob Dylan.

Mestres (ou senhores) da Guerra
Bob Dylan

Venham, mestres da guerra
Que constroem todas as armas
Que constroem os aviões da morte
Que constroem as grandes bombas
Que se escondem atrás de paredes
Que se escondem atrás de mesas
Eu quero que vocês saibam
Que eu vejo através de suas máscaras

Vocês que nunca fizeram nada
A não ser construir para destruir
Vocês brincam com meu mundo
Como se fosse seu brinquedinho
Você botam uma arma em minha mão
E se escondem dos meus olhos
E se viram e fogem para longe
Quando as balas voam

Como Judas no passado
Vocês mentem e enganam
Uma guerra mundial pode ser vencida
Vocês querem que eu acredite
Mas eu vejo através de seus olhos
E eu vejo através de suas mentes
Como vejo através da água
Que corre pelo meu ralo

Vocês apertam os gatilhos
Para outros atirarem
A então sentam-se e olham
Quando a contagem de mortos cresce
Vocês se escondem em suas mansões
Enquanto o sangue de jovens
Flui de seus corpos
E é enterrado na lama

Vocês lançam o pior medo
Que pode ser lançado
Medo de trazer crianças
A este mundo
Por ameaçarem meu bebê
Não nascido e ainda sem nome
Vocês não são dignos do sangue
Que corre em suas veias

O quanto eu sei
Para falar dessa forma?
Vocês podem dizer que sou jovem
Podem dizer que sou ignorante
Mas há uma coisa que eu sei
Apesar de ser mais jovem que vocês
Nem Jesus poderá perdoar
O que vocês fazem

Deixem-me perguntar uma coisa:
Seu dinheiro é tão bom assim?
Ele pode lhes comprar perdão?
Vocês acham possível?
Eu acho que vocês vão descobrir
Quando a sua hora chegar
Que todo o dinheiro que ganharam
Jamais vai comprar de volta suas almas

E eu espero que vocês morram
E que suas mortes venham logo
Eu seguirei seus cortejos
Num entardecer cinzento
E olharei vocês serem baixado
Até o fundo de suas covas
E vou ficar ao lado de suas sepulturas
Até ter certeza que estão mortos
Utilidade pública

Depois do sucesso dos testes de gravidez, a Procter & Gamble está lançando mais um produto para ajudar a mulher no dia-a-dia, ou melhor, nos aqueles dias-a-dias. É o exclusivo Menstru-Lert, que permite à mulher saber com precisão se já está menstruada. É ou não é fantástico?





Maluquice publicada hoje por The Onion

terça-feira, 18 de março de 2003

Mau negócio

O mestre-cervejeiro morreu, foi pro céu e pediu uma audiência com São Pedro. Queria porque queria fabricar cerveja lá, também.
- Mas, meu filho - estranhou São Pedro -. Aqui, um lugar celestial, com bebida alcoólica?
- Nada, minha cerveja é de baixo teor - explicou o mestre. - E, mesmo, o consumo vai ser moderado. Eu prometo!
São Pedro então permitiu a fabricação da loura gelada nos rincões celestes. Só que o mestre-cervejeiro, com seu tino comercial, farejou uma possibilidade:
- Por que só aqui? E se eu abrir uma filial no Inferno? Com aquele calor todo por lá, o consumo ia ser uma coisa de louco!
Levou a questão a São Pedro. Que comentou:
- Ué, meu filho, aqui o que predomina é o livre-arbítrio. Se é o que você quer...
Instantes depois o mestre estava com Satanás, fazendo a proposta. E este:
- Ué, fique à vontade...
E a cervejaria foi instalada no Inferno. Só que - para espanto do mestre-cervejeiro - o consumo era zero. Nenhuma mísera gota. Ele voltou a pedir audiência com o tinhoso:
- Escuta... Dá pra explicar por que aqui, nesta sauna, com fogo por tudo que é canto, ninguém consome minha cerveja gelada?
E o capeta:
- Ih, esqueci de te dizer. Aqui todo mundo é crente...

Enviada pelo Nelson Moraes, da Praia
Fauna urbana

O texto abaixo é de uma nota do noticiário de tempo real do Globo:

“Uma serpente com quase três metros de comprimento apareceu na manhã de hoje no Centro de Educação Integrada, na Rua Clarimundo de Melo, em Cascadura. Bombeiros do quartel de Campinho recolheram o animal. Não houve vítimas. Uma outra cobra invadiu uma casa em Madureira. O animal também foi capturado pelos bombeiros. Bombeiros acreditam que os animais tenham se afastado de seu habitat natural por causa das fortes chuvas que caem na cidade causando alagamentos.”

Depois, quando os Simpsons sacaneiam a gente, o Cesar Maia quer processar...
Ecos troainos

Ao longo de oito anos, o ex-presidente FHC manteve o hábito de não responder às críticas, preferindo desqualificar os críticos – e um de seus adjetivos favoritos para eles era “Cassandras”, profetiza troiana que só previa desgraças. O que FHC omitia (e a imprensa, por ignorância ou complacência, não lembrava) é que a filha do Rei Príamo não errava uma.

Se não me falha a memória, Cassandra ganhou de Apolo o dom da profecia, mas Atena (temendo que essa capacidade fosse usada contra os gregos) acrescentou duas ressalvas: ela só seria capaz de prever desgraças e ninguém acreditaria nela. A segunda é quase uma redundância – ninguém quer acreditar nas previsões ruins, com ou sem incentivo divino.

Lembrei-me disso ao ler um excelente artigo de Nicholas Kristof no “New York Times” (requer registro gratuito). Kristof, que está na Turquia, lembra a guerra narrada na Ilíada para mostrar paralelos entre aquele conflito e o iminente ataque americano ao Iraque.

O engraçado é, na ótica de Kristof, os americanos estão cometendo os erros tanto de gregos (desdém por aliados e pouco planejamento de longo prazo) quanto de troianos (ignorando as opiniões da Cassandras que não engolem o cenário cor-de-rosa que Bush pinta).

Mas é claro que há um ponto escamoteado, afinal o autor é americano. Acreditar que os EUA estão atacando para libertar o Iraque e não para controlar sua produção de petróleo é como engolir que os gregos destruíram Tróia para resgatar Helena, não para controlar as riquíssimas rotas comerciais do Helesponto.

segunda-feira, 17 de março de 2003

Home of the free???

Períodos de crise despertam os extremos nas pessoas. No caso dos EUA, está despertando alguns comportamentos que começaram apenas jecas e já estão assumindo ares um tanto assustadores.

Primeiro foram as french fries (fritas francesas, a nossa batatinha frita) que foram rebatizadas para freedom fries (fritas da liberdade). É verdade que nós, que passamos mais de duas décadas sob uma ditadura patrocinada pelos EUA, sabemos que essas batatinhas de liberdade são apenas para consumo dentro dos Estados Unidos, mas tudo bem.

Depois foi uma proposta para mudar o nome do French Quarter, o bairro francês de Nova Orleans – aliás, fundada pelos franceses. Agora, como não poderia deixar de ser, está começando a descambar para a agressividade pessoal. Segundo o Huston Chronicle, a francesa radicada há 23 anos nos EUA Françoise Thomas, ao sair de casa pela manhã, deu de cara com a pichação “Volte para a França, escória” na porta da garagem.

Conhecendo o tipo de gente que faz isso, eu acho que “escória” era assinatura.

domingo, 16 de março de 2003

Em boa hora

Masters Of War
Bob Dylan

Come you masters of war
You that build all the guns
You that build the death planes
You that build the big bombs
You that hide behind walls
You that hide behind desks
I just want you to know
I can see through your masks

You that never done nothin'
But build to destroy
You play with my world
Like it's your little toy
You put a gun in my hand
And you hide from my eyes
And you turn and run farther
When the fast bullets fly

Like Judas of old
You lie and deceive
A world war can be won
You want me to believe
But I see through your eyes
And I see through your brain
Like I see through the water
That runs down my drain

You fasten the triggers
For the others to fire
Then you set back and watch
When the death count gets higher
You hide in your mansion
As young people's blood
Flows out of their bodies
And is buried in the mud

You've thrown the worst fear
That can ever be hurled
Fear to bring children
Into the world
For threatening my baby
Unborn and unnamed
You ain't worth the blood
That runs in your veins

How much do I know
To talk out of turn
You might say that I'm young
You might say I'm unlearned
But there's one thing I know
Though I'm younger than you
Even Jesus would never
Forgive what you do

Let me ask you one question
Is your money that good
Will it buy you forgiveness
Do you think that it could
I think you will find
When your death takes its toll
All the money you made
Will never buy back your soul

And I hope that you die
And your death'll come soon
I will follow your casket
In the pale afternoon
And I'll watch while you're lowered
Down to your deathbed
And I'll stand o'er your grave
'Til I'm sure that you're dead
Mascote ideal

Além de ídolo da minha geração, o distinto cachorro abaixo é o mascote por excelência do Espírito de Porco. Mutley rules!!!



Miopia

A edição deste domingo do Globo tem na Rio uma matéria cujo título reafirma uma velha e altamente daninha distorção: “Repetência é vilã no ensino do Rio”.

Repetência não é vilã de nada, ela é sintoma. Se a repetência está alta, é sinal de que há algum problema grave no ensino – problema esse que deve ser identificado e sanado a fim de que a reprovação e a evasão escolar decorrente caiam para níveis normais.

Uma das alternativas, por exemplo, é o sistema de dependências. No CEFET, o aluno que ficasse reprovado em até duas matérias passava de ano, mas fazia dependência das duas cadeiras. Se passasse na dependência, zerava o placar. Se não, um abraço. Evitaria casos escabrosos como o mostrado pela reportagem do Globo: Alexandre Maia, hoje com 28 anos, parou de estudar na sétima série ao ser reprovado em História por meio ponto. Se tivesse passado para a oitava levando a dependência, talvez não tivesse abandonado a escola.

E eu falo de cadeira. O sistema de dependência do CEFET poupou-me de duas reprovações em Matemática – cadeira sobre a qual meu conhecimento se limita ao fato de ser proparoxítona.

Agora, encarar a repetência como vilã é um convite para soluções porcas e simplistas como a aprovação automática, que em muitos casos produziu alunos de quarta série praticamente analfabetos. É como constatar que o ensino público não é bom o suficiente para que um aluno entre na Uerj e, como “solução”, obrigar a universidade a aceitar alunos que não conseguem acertar metade da prova.

Mas, como disse a Lúcia, eu ando mal-humorado, mesmo.
Aliás, mal-humorado e burro, por conta do erro de ortografia.

sábado, 15 de março de 2003

O enfoque alheio

Quantas vezes o distinto já matou uma barata? Ou a senhora, quantas vezes já veio saltitando do banheiro com a calça arriada gritando pro seu marido "mata, mata" por causa de uma mísera baratinha?

Vocês já pararam para pensar como a criaturinha se sente? Não? Pois, se tiverem placa de som, cliquem aqui e descubram - mas ponham o som baixinho se estiverem no trabalho.

Essa eu recebi três vezes: da Martha, do MillenniuM.'. e da Simone
Eis a foto



Galera, esta foi a foto de que eu falei!

O Espírito de Porco agradece ao Nelson e ao Barba pela ajuda com as imagens.

sexta-feira, 14 de março de 2003

Coisa feia

Rolou um barraco meio que vergonhoso no jornalismo carioca.

No dia 14 de fevereiro, meu prezado Pedro Doria publicou no no mínimo um artigo apontando a defesa do dólar diante do euro como uma possível razão secreta para o iminente ataque anglo-americano ao Iraque. Dias depois, nessas patuscadas que infelizmente acontecem na Internet, o artigo do PDoria metamorfoseou-se num texto apócrifo circulando pela rede – eu recebi modestamente umas dez cópias.

Eis que a colunista do JB Márcia Peltier publicou sete notas em seqüência chupadas quase literalmente do texto do Pedro. (Você pode ver a coluna dela aqui, mas tem que se registrar, dando seu CPF) No mesmo dia, meu igualmente prezado Ivson Alves apontou a coincidência no seu Picadinho Diário e deu link para outros artigos sobre o assunto.

A Márcia resolveu piorar o que já estava ruim e publicou uma errata onde, malandramente, sugeria que o Pedro copiara suas informações de um dos artigos listados pelo Ivson, escrito pelo historiador americano William Clark (que ela chama de Walter Clark).

Pra quê? PDoria ficou xadrez e publicou uma resposta furibunda, denunciando o plágio dela, listando as fontes de onde tirou suas informações e apontando os diversos dados de seu artigo que não estavam no bom texto de Clark.

Mesmo sem entrar em aspectos éticos, o episódio deixa algumas lições.

  • Textos que circulam na Internet não são de domínio público. Se vai citá-los, mencione a fonte.
  • A maior parte dos sites (no mínimo inclusive) tem dispositivos para encaminhar matérias a outros internautas. Use isso em vez de copiar o texto e mandar sem crédito. Ajuda a dar audiência ao site que você visitou.
  • Se você vai publicar sem crédito algum texto que lhe chegou às mãos (release, e-mail, carta etc.) mude o texto. Não melhora a situação eticamente, mas evita micos desse tipo.

Pérolas cotidianas I

"Já viu fã-clube que não seja liderado por uma gorda suburbana?"

Lilian Calmon, estagiária aqui da Approach explicando porque não entra para o fã-clube do Jorge Vercilo
Como farsa...

O governo dos EUA patrocinou e armou o sanguinário ditador iraquiano porque ele era um contraponto a um regime hostil aos EUA no Oriente Médio. Tudo bem que ele torturasse, matasse etc. etc., desde que fosse “inimigo dos nossos inimigos”. Só que o ditador se engraçou como Kwait, ameaçou os interesses ocidentais no petróleo e, pecado mortal em se tratando dos EUA, entrou em rota de colisão com Israel.

De um dia para o outro, o ditador iraquiano se tornou uma ameaça à segurança mundial, e Washington passou a pregar a “mudança de regime” em Bagdá. Inglaterra e Israel ficaram do lado dos americanos, enquanto França e Alemanha foram contra. Entre outras medidas, os americanos armaram os curdos no norte do Iraque para que fizessem uma campanha de guerrilha contra o ditador.

Lendo o artigo de Roger Morris hoje no New York Times (o acesso é gratuito com registro) a gente descobre que essa história aconteceu entre 1958 e 1963, e que o ditador se chamava Abdel Karim Kassem, que ficou do lado dos EUA contra o egípcio Nasser e depois virou encarnação do mal.

Morris conta que a CIA tentou matar Kassem com um guardanapo envenenado (!!!) e que, não conseguindo, patrocinou um golpe de estado. O ditador foi preso e fuzilado, e em seu lugar assumiu o regime do partido Baath – entre os militares que participaram ativamente do golpe estava um oficial de 25 anos chamado Saddam Hussein.

Na esteira do golpe, os curdos foram abandonados pela CIA e massacrados, a elite intelectual iraquiana foi sanguinariamente perseguida e as empresas de petróleo americanas entraram solenemente no país, onde ficaram até Saddam invadir o Kwait, em 1990.

Por essas e outras (além do fato de ter nascido e crescido sob uma ditadura patrocinada pelos EUA) eu sinto um nojo profundo quando vejo um americano falar de seu país como o “defensor da liberdade no mundo”.

quinta-feira, 13 de março de 2003

Dá-lhe ego

Existe uma campanha em marcha para me deixar ainda mais besta do que o normal. Agora foi meu prezado Luiz Fernando Vianna que incluiu o Espírito de Porco na blogteca do Portal Literal. A casa agradece, e muito!
Você sabia...

  • Que os camarões têm o coração alojado na cabeça?
  • Que um estudo, que abrangeu cerca de 200 mil avestruzes durante mais de 80 anos, não registrou um único caso em que um avestruz fosse visto enfiando a cabeça na areia?
  • Que os porcos não são fisicamente capazes de olhar para o céu?
  • Que mais de 50% das pessoas, no mundo inteiro, nunca fizeram nem receberam chamadas telefônicas?
  • Que é impossível lamber o seu próprio cotovelo?
  • Que os cavalos não conseguem vomitar?
  • Que se você espirrar com muita força pode partir uma costela?
  • Que se você tentar impedir que um espirro seja expelido pode morrer ou causar a ruptura duma veia no cérebro ou na nuca?
  • Que se mantiver, a força, os olhos abertos durante um espirro, é possível que eles saiam das órbitas?
  • Que os ratos multiplicam-se tão rapidamente que, em 18 meses, um casal de ratos pode ter mais de um milhão de descendentes?
  • Que o isqueiro foi inventado antes do palito de fósforo?
  • Que 35% das pessoas que utilizam os anúncios em jornais à procura de companhia já são casadas?
  • Que 23% das avarias em fotocopiadoras, em nível mundial, são causadas
    por pessoas que se sentam no aparelho para fotocopiarem o traseiro?
  • Que ao longo de uma vida, em média, cada pessoa engole durante o sono cerca de 70 insetos e 10 aranhas?
  • Que o pó de arroz inclui quase sempre escamas de peixe na sua composição?
  • Que, tal como as impressões digitais, a superfície da língua é diferente de pessoa para pessoa?
  • Que 75% das pessoas que lêem esta mensagem tentam lamber o próprio cotovelo?

terça-feira, 11 de março de 2003

Irretocável

Minha querida Leila Grimming mandou-me uma foto (o Mané aqui ainda não aprendeu a botar imagens no blog) excelente de uma manifestação contra o provável ataque anglo-americano ao Iraque. Em meio a um grupo, uma mulher bonita com pinta de hippie de butique levanta um cartaz onde se lê em inglês: "Bombing for peace is like fucking for virginity". Ou, na nossa inculta e bela, "bombardear para obter paz é como trepar para ficar virgem".
Segredo de Maçonaria

Numa praça maçônica alguns garotos jogavam bola perto do prédio. Dado um chute mais forte, a bola entra por uma janela e cai dentro de onde os maçons estavam reunidos. Um dos garotos pula pela janela a fim de pegar a bola. Quando desceu dentro da sala, os maçons, imediatamente, tamanho o desrespeito do garoto, enrabaram o pobre coitado!!!Jogaram-no juntamente com a bola de volta pela janela. Quando caiu do outro lado, os amiguinhos perguntaram para ele:

- Afinal, o que tem lá dentro da maçonaria?

E o garoto:

- Agora sou maçom, não posso contar.

Essa quem me mandou foi um amigo maçom cujo nome vou omitir para que ele, enrabado na iniciação, não seja capado na próxima reunião da loja.

segunda-feira, 10 de março de 2003

Vantagem da velhice

Fui à Inglaterra em 1997, durante a farra que Elio Gaspari chama de populismo cambial. Mesmo com o real ainda parrudo em relação ao dólar (e não fazendo feio diante da toda-poderosa libra), várias pessoas alertaram-me que os CDs eram caríssimos. Entretanto, os que previam minha iminente bancarrota nas terras de Sua Majestade não levaram em conta um detalhe: caros são os CDs em lançamento. Quem, como eu, buscava coisas do fim dos anos 60, início dos 70 e posteriores só na categoria bem tocado, encontrava promoções estonteantes. Comprei um Deep Purple In Concert duplo pelo equivalente, na época, a R$ 18. Desnecessário dizer que voltei carregado.

Lembrei-me disso ao comprar ontem, por R$ 19,90 numa banca de jornal, o DVD Exit Stage Left, do Rush. Em casa, dei-me conta do paraíso que esses DVDs de banca são para quem gosta de rock do tempo em que, entre comprar a guitarra e fazer sucesso, o artista aprendia a tocar. Cinco Deep Purple (um deles quase o Made In Japan e outro o próprio Califórnia Jam), dois Black Sabbath, um Hendrix, três Yes, um Jethro Tull, dois Rush, um ELP (Pictures At An Exibition!!!), dois Iron Maiden, um Joe Cocker (sensacional) e por aí vai.

Quem quer o novo DVD de algum rapper grunindo sobre como quer estuprar a própria mãe ou da bandinha alternativa de disléxicos musicais que vai revolucionar o rock durante 15 minutos até ser esquecida pelo próprio assessor de imprensa, pode pagar 50 pratas numa Saraiva da vida.

Ah, se você dividir o preço pela quantidade de notas tocadas, essa disparidade vai à estratosfera.

sexta-feira, 7 de março de 2003

Mau hábito

AVISO: Votei no Lula nos dois turnos e por isso posso falar mal à vontade.

Ontem o presidente Lula manteve a proibição de plantio e comercialização de alimentos geneticamente modificados no Brasil. Apesar de ser um tecnófilo convicto, acho que foi uma boa medida. Ainda não sabemos ao certo que efeitos os transgênicos exercem sobre a saúde do ser humano e já sabemos que eles não são lá muito bons para o meio ambiente. Mas esse não é o problema no caso.

O que me surpreendeu foi a decisão de buscar uma saída jurídica para vender a soja transgênica que está em vias de ser colhida no Rio Grande do Sul – plantada no ano passado, a despeito de a proibição já estar em vigor. A alegação é que a culpa foi do governo anterior não ter fiscalizado e que se essa soja não for vendida, vai haver um problema social.

Ou seja, proibido só é proibido se um fiscal estiver olhando? Se não concordamos com a lei podemos desrespeitá-la à vontade? Os produtores sabiam que estavam violando uma lei (no caso uma portaria com força de lei), mas não podem ser punidos para não causar um “problema social”. Se eu fosse (graças a todos os deuses não sou) advogado do Comando Vermelho, ia usar isso como precedente para impedir a prisão de todos os traficantes. Afinal, se a cocaína chegou no Rio, é porque a Polícia Federal não fiscalizou. E a prisão de traficantes causa um problema social – eles mandam fechar o comércio, atiram em prédios etc.

Ou seja, o crime aqui continua compensando.

quinta-feira, 6 de março de 2003

Choro de palhaço

Hoje, ao ler a reação do dançarino Carlinhos de Jesus a uma nota baixa para a comissão de frente da Mangueira, constatei que não há limites para a cretinice. Para quem não sabe (eu sei porque li no jornal, que fique claro), a dita comissão simulava o mito da fuga dos judeus do Egito, com o próprio Carlinhos fazendo papel de Moisés e “levitando” com o auxílio de uma empilhadeira disfarçada de árvore. Na apuração, diante de uma nota 9,5 (apenas meio ponto abaixo do máximo), Carlinhos disse que o jurado certamente era um anti-semita.

Isso mesmo querido visitante. O meio ponto a menos só podia significar que o jurado odiava judeus e andava com um retratinho de Goebles na carteira. Tudo bem que saber dançar não significa necessariamente um cérebro desenvolvido, mas tudo tem limite. Não lhe ocorreu que o jurado possa não ter gostado da coreografia? Que não visse num sujeito flutuando algo tão bacana assim? Nãããão. Se não gostou do Moisés, é porque não gosta de judeus...

Lembrou uma história contada pelo mais sábio dos brasileiros, Stanislaw Ponte Preta. Segundo ele, houve uma época, logo após o golpe, em que virou moda chamar os outros de comunista. Se alguém te fechava no trânsito, você berrava “comunista!” e seguia em frente. O cúmulo foi quando Ibrahim Sued (sujeito que cometia erros de ortografia até falando) disse que todas as pessoas que não gostavam de seu livro “Moscou contra 000” eram comunistas. “Como ninguém gostou, todo mundo era comunista”, concluiu o sobrinho da Tia Zulmira. Se ainda não reencarnou, deve estar rolando de rir com a patetice do senhor de Jesus.

O engraçado, ainda no tema choro, é que no sábado eu pensei em interromper o recesso carnavalesco para me lamentar do gol mal anulado pelo crápula do juiz (atendendo ao verme do bandeirinha) no Flamengo e Vasco. Mas desisti, pois todo choro de perdedor (por mais justificado que seja) é patético. Até porque, como lembrou bem Renato Maurício Prado, o Flamengo não perdeu a Taça Guanabara no empate com o Vasco, mas nas derrotas vexatórias para o América e o Olaria. Mas, c’est la vie (Lake/Sinfield).