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quinta-feira, 13 de novembro de 2003

Só divagação

Hoje eu vi numa livraria um belo livro importado de História sobre as nossas raízes orientais. A ilustração da capa traz um busto de um faraó egípcio e uma estátua de Buda. Só não comprei porque as minhas vacas andam mais magras que aquela mocréia do seriado Ally McBeal.

Voltando ao assunto, alguma coisa ali não bateu direito na minha cabeça. Depois me toquei do que era. O conceito do Egito como “oriental” é, no mínimo bizarro. Ou melhor, é apenas cultural, não geográfico. Quer ver só? A longitude de Atenas é 23 graus e 43 minutos a Leste de Greenwich. A do Cairo é 31 graus e vinte minutos. Realmente, o Egito está a Leste da Grécia, seria Oriente.

Mas Jerusalém tem como longitude 35 graus e treze minutos. Ninguém se refere ao Judaísmo como uma cultura oriental. Muito menos o Cristianismo – apesar de este ser uma acochambração do próprio Judaísmo com o Masdaísmo da Pérsia, que está mais a Leste ainda.

Alguém tem que lembrar ao autor que, em termos de geografia, a Estrela de Davi e até a cruz são bem mais orientais que o Olho de Hórus.

terça-feira, 11 de novembro de 2003

quarta-feira, 5 de novembro de 2003

Trevas cariocas

Há um ano, quando as urnas decretaram quatro anos de obscurantismo cor-de-rosa para o Estado do Rio, eu comentei com amigos que iríamos encarar uma dobradinha do lumpesinato evangélico com a banda podre da polícia. Hoje esses dois exemplos do que o Rio de Janeiro produziu de pior tiveram momentos de glória graças à caneta malsã da nossa governadora diminutiva.

Primeiro ela exonerou o secretário de Direitos Humanos, João Luiz Duboc Pinaud, que havia denunciado e investigava a morte sob tortura de um comerciante num presídio. Deu com isso um inequívoco sinal verde à facção da polícia que considera moer um preso de pancada a forma mais eficiente de investigação.

Depois, vetou a lei (aprovada por 52 votos a 2 na Alerj) que institui o ensino religioso ecumênico nas escolas públicas. Pela lei, professores laicos falarão sobre ética religiosa, história comparada das religiões etc. Mas nossa “juíza Moore” dos pobres quer ensino confessional, catecismo em sala de aula, sob tutela das igrejas e às custas do dinheiro público. E ainda prometeu recorrer da liminar que cancelou o concurso para catequista, quer dizer, professor de religião. Qualquer semelhança com as escolas do regime Talibã não é mera coincidência. Resta a tênue esperança de que a Alerj derrube o veto e a Justiça mantenha a liminar.

O pior é que ela foi eleita em primeiro turno, o que me deixa profundamente preocupado com o tipo de população que o carioca está se tornando.