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quinta-feira, 29 de julho de 2004

Pirações gestacionais

Eu tenho um primo que nasceu prematuro de onze meses. É sério. A mãe dele (cunhada do meu pai e uma das criaturas mais doces que eu conheço) tinha problemas de fluxo menstrual, o dito cujo às vezes não dava sinal de vida. Depois de casada com meu tio e sem tomar nenhuma medida contraceptiva, ela interpretou a primeira falha dessas como gravidez.

Isso foi no começo dos anos 70, sem os métodos modernos de hoje. Mesmo assim o médico dizia que ela estava maluca, que não era gravidez nenhuma, passava exames que davam negativo, mas nada a convencia. Até porque ela é uma médica frustrada. Conhece toda a terminologia e, se o doutor lhe receitar um remédio diferente do que ela recomenda, desconfie dele.

Aí, quando ela estava no imaginário quarto mês, engravidou mesmo. O médico fez cara de idiota ao ver o resultado positivo e da cara de triunfo dela. Se alguém estranhava a ausência de barriga, a resposta estava na ponta da língua: "Eu e Tintim (apelido doméstico do meu tio) somos pequenos, nosso neném deve ser pequeno também."

Só que chegou o nono mês das contas dela e nada. Os exames diziam que o feto estava longe de ficar pronto para nascer. Décimo mês e o pânico já se instalando. Eis que no décimo-primeiro mês ela entrou em trabalho de parto. No fim do trabalho propriamente dito, vira o médico e diz: "É um menino, mas foi para a incubadora, pois é prematuro, presumo que de uns sete meses." Era tão pequeno que, ainda no berçário, ganhou do pai o doce apelido de "cocô de cambaxirra".

"Tá, mas por que você está contando essa história." É que ela se repetiu pelo avesso. Depois do "cocô de cambaxirra", meus tios tiveram duas filhas. A do meio, em vias de fazer trinta anos, estava sentido mal-estar, enjôos e outros piripaques. Foi ao médico, que pediu-lhe algumas ultra-sonografias para ver como andava o aparelho digestivo. Descobriu que o estômago dela já tinha bracinhos e perninhas e, se tudo seguir normalmente, pula fora daqui a sete meses...

terça-feira, 27 de julho de 2004

Definições para a sigla TPM

Todos Problemas Misturados
Tendências a Pontapés e Murros
Temporada Proibida para Machos
Toda Paixão Morre
Tô Puta Mesmo
Tocou, Perguntou, Morreu
Tire a Pórrrra da Mão
Tente no Próximo Mês
Tô Pirada Mesmo
Tempo Para Meditação
Totalmente Pirada e Maluca
Tendência Para Matar
Tira as Patas, Moleque
Tenha Paciência Meu

Contribuição da Leila

sábado, 24 de julho de 2004

Sou, mas quem não é?

Meus Deuses concederam-me um antigo desejo: virar homem-objeto. Ganhei da minha mulher um American Express Gold.

É chato se gostoso...

sexta-feira, 23 de julho de 2004

Samba do candidato doido

Durante a eleição presidencial de 2000, os jornalistas norte-americanos Jacob Weisberg e William Saletan coligiram os famosos Bushismos, frases tiradas de discursos e entrevistas mostrando a pouca intimidade do então governador George W. Bush com o inglês e com o raciocínio lógico.

Agora, além de manter os Bushismos, Saletan inaugurou os Kerrysmos, dedicados ao candidato democrata, John Kerry. Não que Kerry seja burro, longe disso. Mas é do tipo que não é contra nem a favor, muito pelo contrário. Quer alimentar a onça poupando a vida do boi.

Um ótimo exemplo é o trecho abaixo. Diante de uma pergunta, Kerry conseguiu dar, na mesma resposta, quatro opiniões diferentes e, de certa forma, conflitantes (estão numeradas para facilitar a leitura). A rigor, sua opinião sobre o aborto se resume a "sou contra a prática e a favor do direito" - exatamente a minha -, mas a embromação verbal chega a ser assustadora. Confiram.

- Para o senhor, o aborto é uma grande questão moral?

- Claro que é. Com certeza.
1) E eu acho que é mais complicada do que a vida pública permite que a discussão seja. Quer dizer, ser a favor da escolha não significa que você seja a favor do aborto. Nem eu nem Teresa somos a favor do aborto. O aborto deveria ser raro,
2) mas seguro e legal, como dizia freqüentemente o presidente Clinton, apropriadamente, acredito. Acho que a questão realmente é quem deve tomar a decisão, como chegar a ela.
3) Mas essa é uma moralidade. Claro que há moralidade envolvida. E acho que deveríamos estar falando com as pessoas na América a respeito de responsabilidade, a respeito de adoção, a respeito de outras escolhas. E eu quero ter uma conversa melhor do que a que temos sobre o assunto.
4) Mas isso não muda minha posição quanto a quem escolhe. E vou proteger esse direito à escolha.

domingo, 18 de julho de 2004

Próxima vítima
 
Ontem, graças à babá, fomos ao cinema pela primeira vez desde que Luísa nasceu. Encaramos Homem-Aranha 2 - Cristina não gostou (muito violento e muito cruel com o pobre Peter Parker) e eu adorei pelos mesmos motivos e muitos outros.
 
Mas o tema aqui não é o amigo e vizinho, mas um trailer que passou antes: Eu, robô, com Will Smith. Sim, o título foi tirado do livro de Isaac Asimov (1920-1992), mas o filme parece ser tão disparatado em relação à obra, que soa quase ofensivo.
 
Asimov era um apaixonado pela ciência. Dividia a ficção científica em duas categorias. A primeira vinha da tradição de Frankenstein, para mim o primeiro livro do gênero, e envolvia os riscos da ciência, a criatura se voltando contra o criador. O segundo, seu gênero, falava das maravilhas da ciência, do progresso.
 
Sua obra (à exceção do Homem Bicentenário) não tinha a dimensão poética de Ray Bradbury, por exemplo, mas era de uma tremenda coerência. Seus contos sobre robôs envolviam basicamente as três Leis da Robótica. A saber:
 
1) Um robô não pode ferir um ser humano ou, por omissão, permitir que um ser humano se fira;
2) Um robô deve obedecer aos seres humanos, desde que não viole a primeira lei;
3) Um robô deve proteger a própria integridade física, desde que para isso não viole as duas leis anteriores.
 
Com base nessas regras, os contos de Eu, Robô mostravam as máquinas confiáveis, íntegras e preocupadas fundamentalmente com o bem-estar de seus mestres - chegando no final a governá-los não como ditadores, mas como facilitadores. Sempre que algo dava errado, era falha humana.
 
O filme, a julgar pelo trailer e por este bom artigo na Slate, virou Asimov ao avesso. No livro, a protagonista era a Dra. Susan Calvin, uma engenheira que gostava mais robôs que de seres humanos e reconhecia neles uma moral superior. No filme, Smith é um policial que investiga um assassinato e, a despeito das negativas de colegas e da fábrica, atribui o crime a um robô. Mais síndrome de Frankenstein, impossível.
 
Antigamente dizia-se que, na falta de boas idéias, Hollywood as importava de outros meios. Agora, em vez de importar, parecem mais interessados em destruir.

quarta-feira, 14 de julho de 2004

Com garantia legal

A sabedoria popular sempre atestou que fiofó de bêbado não tem dono. Agora a Justiça deu fé. Diz o Globo que o Tribunal de Justiça de Goiás considerou improcedente a queixa de um sujeito que, participando de uma suruba sob elevada ação de álcool, acabou virando bainha da espada alheia.

Luziano Costa da Silva (o entrosobado) acusou o amigo (muy amigo) José Roberto de Oliveira de passar-lhe um porre e passar-lhe outra coisa durante um sexo a três com a esposa deste, Ednair Alves de Assis. O depoimento dela foi fundamental para o veredito, pois Ednair afirmou que Luziano participou da festinha por vontade própria.

Os desembargadores do TJ não deixaram margem para dúvidas: "A prática de sexo grupal é ato que agride a moral e os bons costumes minimamente civilizados. Se o indivíduo, de forma voluntária e espontânea, participa de orgia promovida por amigos seus, não pode ao final do contubérnio dizer-se vítima de atentado violento ao pudor. Quem procura satisfazer a volúpia sua ou de outrem, aderindo ao desregramento de um bacanal, submete-se conscientemente a desempenhar o papel de sujeito ativo ou passivo, tal é a inexistência de moralidade e recto neste tipo de confraternização."

O único reparo à sentença refere-se à "inexistência de recto", pois o recto foi exatamente o objeto do processo.

terça-feira, 13 de julho de 2004

Parati, eu sobrevivi

Prezados, estou chegando de cinco dias em Parati, onde estava fazendo o site da Festa Literária Internacional de Parati (FLIP) - aliás, cliquem aqui e confiram o resultado; para ler todas as matérias, basta clicar em Notícias. O evento foi maravilhoso. Senti-me o último dos quadrúpedes diante da erudição de José Miguel Wisnik falando de Guimarães Rosa e voltei de lá fã de carteirinha de Paul Auster.

O notável, porém, foi eu ter conseguido voltar de Parati com os tornozelos intactos. Aquele calçamento é praticamente uma garantia de estabaco. Só posso imaginar que fosse uma estratégia defensiva dos portugueses. Uma tropa invasora que tentasse avançar correndo por aquelas ruas ficaria toda pelo meio do caminho.

Outra curiosidade é o cartel dos R$ 40. Não interessa o tipo do restaurante, o grau de sofisticação etc. Nenhuma refeição sai por menos de R$ 40. Sorte que o voucher da FLIP me permitia comer "de grátis" no bom italiano Punto Divino. Recomendo.

Queria recomendar outro restaurante, o Bartholomeu. Fui lá com Dapieve e Manya, Paulo Roberto Pires e Cristiane, Gustavo Poli e Marcela e Sérgio Rodrigues - tremenda formação de quadrilha. A comida era boa? Assim, assim. Não era ruim, de forma alguma, mas o preço prometia mais sabor e quantidade. Então por que você queria recomendar, mané? Porque a gerente era uma loura com um decote!

Teve um momento memorável. Manya queria um frango, mas preferia que fosse coxa. A gerente curvou-se para falar com ela, expondo ainda mais o decote, e disse: "Eu recomendo o peito, está macio e suculento." Não fosse a presença de tantas esposas (Manya tinha procuração da minha para me vigiar), alguém teria terminado o almoço com um tapa na cara.

Aliás, tenho quer ver quando cobro do Gustavo para não revelar ao mundo uma frase que ele soltou na mesa, daquelas de destruir reputações por umas quatro encarnações.

Antes de terminar, um conselho importante. Se algum dia forem dar com os costados na Pousada Canoas, recusem terminantemente o quarto 66. Tem cheiro de mofo e barata. Enfrentei uma que resumiu bem meu relacionamento com fêmeas: eu era maior, mas ela era mais ágil e fugia de mim.

terça-feira, 6 de julho de 2004

segunda-feira, 5 de julho de 2004

Réquiem para o morcego

Conferindo o blog do Rafa, trombei com uma polêmica em torno de um post no qual ele detonava Andy Warhol, para horror de algumas amigas mudernas. Desnecessário dizer que assino embaixo a bronca dele.

O papo, porém, lembrou-me duas passagens. A primeira foi em julho de 1998 (ou ano 6 a.L.), quando eu e Cristina fomos flanar em Nova York. Lá pelas tantas ela me arrastou para o MoMA e, ao longo de duas horas (das quais pretendo pedir ressarcimento quando tiver que fazer escala o País do Verão), encarei todo o tipo de empulhação disfarçada de arte. Mas nada poderia ter me preparado para dar de cara com seis sujeitos apreciando uma parede pintada de vermelho. Isso mesmo, era uma parede pintada de vermelho. Só. Nem um matiz, nem um tom variado. Só o vermelho e a assinatura do artista. E, claro, um texto enorme e desprovido de qualquer objetividade para explicar porque aquilo era genial.

A outra é bem mais antiga. Um trecho de um episódio da série Batman e Robin, no qual o Coringa, para dar um golpe, se passava por artista moderno. Num dado momento, ele se inscreveu num concurso de pintura moderna. Um dos competidores jogava bolas de tinta numa tela, outro entrava numa banheira com tinta e rolava na tela, um terceiro botava um chimpanzé para pintar. Enquanto isso, o Coringa passava um pincel seco numa paleta vazia e o esfregava numa tela em branco, impecável em sua bata verde e rosa - entre outras provas de um caráter psicótico, o Coringa é mangueirense. Quando o tempo terminou, ele sacou uma caneta e assinou a tela branca.

No final, cada artista tinha que explicar sua obra. Não apareciam os outros, só o "Príncipe Palhaço". Eis o diálogo:

Jurada: Coringa, qual o nome do seu quadro?
Coringa: A morte do morcego.
Jurada (olhando para a tela branca com cara de idiota): Mas onde está o morcego?
Coringa: Morreu.
Platéia: OOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH

Claro que ele ganhou o concurso...
Novidades

Prezados, não deixem de conferir as novidades na lista de links (coluna da esquerda). Lá estão os blogs O Livro dos Insultos (do que meu querido Rafael, colega dos tempos de Approach) e Cyn City, da nossa Cynthia, sócia-atleta aqui da casa. Confiram também o site da Nossa História, revista na qual labuto diariamente.

sexta-feira, 2 de julho de 2004

Cenário de pesadelo

Fala a verdade, povo. Marcelo Crivella candidato a prefeito com o apoio do Siro Darlan parece conto do Lovercraft, né?