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sexta-feira, 27 de agosto de 2004

Eu confesso

Bertrand Russell decretou:
"Tudo que já foi tramado contra os reis deve ser aplaudido, a não ser quando foi tramado por padres - caso em que se deve ficar a favor dos reis."
Com base nessa lógica, devo confessar que torci descaradamente pela Argentina na semi-final de basquete masculino contra o Dream Team norte-americano. Ok, ok. Se faturarem o ouro, nuestros hermanos vão ficar insuportáveis... mas ainda não vão ser páreo para a arrogância dos jogadores de basquete dos EUA.

Em tempo, não sei quem os americanos vão enfrentar na disputa pelo bronze, mas, seja lá quem for, eu sou desde criancinha.
Andersen revisitado ou Momento Toupeira

Todo mundo conhece um conto de Andersen chamado A roupa nova do rei? Nele, espertalhões oferecem a um rei um tecido mágico que só as pessoas inteligentes podem ver. Claro que não tem nada ali, mas, temendo serem tachados de burros, o rei e toda a corte elogiam a beleza do pano. Os malandros confeccionam uma roupa inteira com o tecido, cobram os tubos e se mandam, e o rei decide desfilar com ele pela cidade. Lá pelas tantas, uma criança, que não tinha essa vaidade dos adultos, olha de pergunta: "Mamãe, por que o rei está nu?" As pessoas percebem que, no desespero de parecerem inteligentes, tornaram-se alvos fáceis de picaretas.

Hoje noticiou-se um momento Andersen na Tate Gallery, em Londres. Ao entrar numa das salas, uma das faxineiras deu de cara com um saco de lixo cheio de papéis amassados. Consciente de suas obrigações, ela recolheu o saco e botou com o resto do lixo. Só que o objeto era parte da instalação "Reconstrução da primeira demonstração pública de arte autodestrutiva", do alemão Gustav Metzger. A obra, segundo o autor, mostrava a "existência finita" da arte.

Ok, não foi exatamente um momento Andersen completo. Para tal, os curadores da galeria deveriam olhar uns para os outros e dizer: "Realmente, é só um saco de lixo cheio de papel". Como a criança do mestre dinamarquês, a faxineira estava livre da pretensão e dos discursos mirabolantes elaborados para classificar como arte um saco de lixo. Mas hoje em dia é mais fácil desconversar.

Ah, antes que a nossa não-tão-anônima visitante se manifeste, sim, eu sou uma toupeira. Eu olho um saco de lixo e vejo um saco de lixo. Olho uma parede vermelha e vejo uma parede vermelha. E nenhum texto explicativo vai me convencer que aquilo é arte. Para mim o talento tem que estar na obra, não no discurso que a justifica.
Urinante!!!

Um dos meus sites de humor favoritos é o Landover Baptist, uma paródia cruel e (um pouquinho) exagerada das seitas fundamentalistas do Sul do EUA. Os artigos são uma barbaridade atrás da outra, coisas como colônia de férias com aulas de tiro para crianças de cinco anos, matança de coelhinhos na Páscoa, críticas fundamentalistas de filmes etc. Ok, é humor negro, mas eu adoro.

Mas o melhor não está nos artigos, e sim na seção de cartas. São dezenas e dezenas de e-mail de gente contestando matérias, gente dizendo que a visão deles em relação ao homossexualismo (um artigo sobre tendências gays em bebês) é distorcida etc etc. Pombas, neguinho não notou que é um site satírico!
Cri-cri

Nada como viver numa cidade sem violência... Tinha seis carros da polícia (duas patamo) e pelo menos oito motos escoltando os medalhistas olímpicos hoje no Centro do Rio. Somando isso ao número de coleguinhas fazendo matéria, tinha mais gente no cortejo que nas calçadas.

Nada contra homenagear os atletas (viva eles!), mas 14 viaturas...

terça-feira, 24 de agosto de 2004

Dama de Negro

O velho coração pagão sempre bate mais forte diante desta antiga canção do Uriah Heep, composta por Ken Hensley e lançada no disco Salisbury:

LADY IN BLACK

She came to me one morning
One lonely Sunday morning
Her long hair flowing
In the midwinter wind
I know not how she found me
For in darkness I was walking
And destruction lay around me
From a fight I could not win
Ah ah ah

She asked me name my foe then
I said the need within some men
To fight and kill their brothers
Without thought of love or Gods
And I begged her give me horses
To trample down my enemies
So eager was my passion
To devour this waste of life
Ah ah ah

But she wouldn't think of battle that
Reduces men to animals
So easy to begin
And yet impossible to end
For she?s the mother of all men
Who counselled me so wisely then
I feared to walk alone again
And asked if she would stay
Ah ah ah

Oh lady lend your hand outright
And let me rest here at your side
Have faith and trust
In peace she said
And filled my heart with life
There is no strength in numbers
Have no such misconception
But when you need me
Be assured I won't be far away
Ah ah ah

Thus having spoke she turned away
And though I found no words to say
I stood and watched until I saw
Her black coat disappear
My labour is no easier
But now I know I'm not alone
I find new heart each time
I think upon that windy day
And if one day she comes to you
Drink deeply from her words so wise
Take courage from her
As your prize
And say hello for me
Ah ah ah

segunda-feira, 23 de agosto de 2004

Não me surpreenderá...

... se amanhã os jornais trouxerem coleguinhas da crônica esportiva escrevendo coisas como "eu sempre disse que a Daiane era superestimada".
Safra farta

Prezados, fornicou-se loucamente em 2003, e o reflexo se nota este ano. Depois da nossa Luísa, da Luiza do meu irmão Guilherme e da Laura da Telma, a safra de 2004 recebeu na semana passada Sophia, filha do Eduardo e da Kátia, e Paulo, do Jan Theophilo e da Priscila.

Sejam todos bem-vindos a Sol III.

quarta-feira, 18 de agosto de 2004

Justiça seja feita

Para não dizerem que o Espírito de Porco só implica, recomendo muito o artigo do pastor Eduardo Rosa Pedreira, publicado hoje no Globo. Um murro com manopla de pelica nos Crivellas da vida.

domingo, 15 de agosto de 2004

O tempora, o mores

Eu não gosto de reggae. Posso dar 342 motivos, todos eles ligados a música, mas é mais fácil resumir a um: o reggae não me emociona, não me toca. Se você, eventual leitor, gosta, parabéns. Cada pessoa reage emocionalmente de uma forma. Seria muito chato se todos gostassem do mesmo tipo de música, especialmente se fosse sertanejo...

Mas o ponto aqui não é esse. Assim que entrei no Orkut fui convidado a participar de uma comunidade com outros desapreciadores de reggae. Mesmo sem ver muito sentido em comunidades de antagonismo - prefiro ignorar o que não gosto -, fui lá ver qual era.

Prezados, fiquei chocado. Não sabia que, para não gostar de reggae, era condite sine qua non ser racista. Era um tal de "macacos" pra cá, "piolhentos" pra lá, "maconheiros" mais adiante... Eu ainda tentei argumentar numa mensagem que Jimi Hendrix era negro, Lenny Kravitz usou dread locks durante muito tempo e que o Black Sabbath tinha uma música (Sweet Leaf) inteiramente dedicada à maconha. Fui ignorado e o papo continuou como se fosse sala de Chat da KKK.

Cacete, rock'n'roll nasceu mulato. Keith Richards disse uma vez que (ainda) queria ser Chuck Berry. Os quatro primeiros (e melhores) discos do Led Zeppelin são releituras de blues, a coisa mais negra que existe. E ainda assim tem roqueiro racista, gente que justifica seu gosto musical pelo mais rastaquera preconceito.

Claro que eu já dei o fora da dita comunidade. Prefiro continuar desgostando de reggae quieto no meu canto a me misturar com essa gente.

terça-feira, 10 de agosto de 2004

Babação exclusiva

Luísa ficou tão internauta que ganhou um espaço só para ela. Conheçam o Cantinho da Luísa.

segunda-feira, 9 de agosto de 2004

Depois é implicância minha...

Arcelino Popó de Freitas tinha uma carreira invejável no Boxe. Colecionava títulos, batia mais que petista na oposição etc. Aí virou evangélico e posou para a capa da revista Enfoque Gospel. Neste fim de semana, enfrentou o norte-americano Diego Chico Corales, botando em jogo o título dos pesos leves da Associação Mundial de Boxe. Resultado? Apanhou, beijou a lona e jogou a toalha. Deve ter sido o primeiro cristão da História a levar a sério aquele papo de "dar a outra face".

domingo, 8 de agosto de 2004

Infame, infame

Por que as surdas-mudas só se masturbam com uma das mãos?

Porque com a outra elas gemem.

segunda-feira, 2 de agosto de 2004

Lógica irrefutável

Vou omitir o nome do casal para preservar-lhes a intimidade.

Uma querida amiga minha (um tantinho acima do peso) estava tentando convencer o marido a pagar-lhe uma temporada num spa. Travou-se o seguinte diálogo:

- Cê podia me pagar um spa. Com essa perda inicial ficava mais fácil eu embalar numa dieta depois.

- Mas neném, eu gosto de você do jeito que você é.

- Tudo bem, se você quer, pode continuar comendo uma mulher gorda. Mas se você morrer, a primeira coisa que eu vou fazer com o seguro vai ser ir prum spa, vou ficar gostosa e vai aparecer um monte de paquera. Aí algum sujeito esperto vai comer uma mulher que ficou gostosa às tuas custas e que você não aproveitou...

Ele topou pagar na mesma hora.
Fernando rides again

Eu adoro meu cunhado, mas tem horas que não dá pra livrar a cara.

Minha irmã ausentou-se de casa e pediu que ele cuidasse dos peixes, dando comida e trocando a água do aquário. Talvez achando que estava muito quente, pegou garrafas d'água na geladeira e mandou para dentro do aquário. Os peixes, desacostumados àquela temperatura de fenda abissal, morreram na hora.

Ou seja, meu cunhado conseguiu afogar os peixes...

A outra história é surreal demais - só pode ser aleivosia da minha irmã.

Diz ela que eles vinham pela Avenida Brasil, quando Fernando resolveu parar numa camelô de caquis. A mulher disse que cada caixa custava dois reais, ao que ele respondeu prontamente com: "Faz duas por cinco?"

A mulher olhou com surpresa e disse: "Moço, acho que o senhor não entendeu. Cada caixa sai por dois. Duas saem a quatro."

Mas isso talvez tenha até explicação. Vai ver ele é fã do Caetano...

domingo, 1 de agosto de 2004

Pelo prazer de extorquir

No sábado à noite, voltando de um evento, passei por uma meia dúzia de blitzen da PM, o que motivou uma colega para a qual dei carona a fazer comentários como "dá-lhe extorsão". Fiquei pensando no extremo descrédito da nossa PM e lembrei-me de um episódio que ilustra maravilhosamente isso.

Aconteceu há bem uns 24 ou 23 anos. Na época, minha mãe e minha tia (a que teve um filho prematuro de onze meses) eram sócias numa loja de plantas, a Vivinha, Vasos e Artesanato, lá na Ilha do Governador. Meu pai e meu tio, quando os empregos lhes permitiam, ajudavam, e uma das principais ajudas era buscar plantas na Ceasa na noite de sexta para sábado.

Era na sexta, a partir das 22h, que chegavam na Ceasa (na Avenida Brasil, altura de Irajá) caminhões e mais caminhões trazendo de São Paulo samambaias, avencas, espadas-de-São-Jorge e tantas outras. Eu às vezes ia junto mediante a promessa de uma ceia no saudoso Gordon da Avenida Brasil.

Para fazer esse transporte nós tínhamos uma Kombi que era uma verdadeira ruína, uma infração rolante de qualquer código de trânsito. Uma noite vínhamos eu e meu pai na dita Kombi, completamente entulhados de plantas, quando fomos parados por uma patrulhinha. Os PMs andaram em volta do nosso carro, olharam os 432 possíveis itens multáveis e partiram para o ataque, pedindo grana para não apreender a Kombi e todo o conteúdo.

Nessa hora, meu pai (que é muuuuito pior que eu), escondeu o lado economista em algum canto da mente, aproveitou a bermuda e a barba por fazer e mandou um "ô, seu guarda, a dona da loja não dá nem dinheiro pro café. Eu tive que trazer de casa um pão pro menino. Eu juro que não tenho dinheiro nenhum." Eis que, para meu eterno assombro, um dos guardas olhou, coçou a cabeça e disse: "Então dá pra gente uma plantinha".

Juro, era a extorsão pelo simples prazer de extorquir, por acharem que era impossível parar um carro e não levar nada. Pior é que não levaram. O velho mostrou a nota fiscal, disse que todas plantas estavam anotadas ali, que a dona da loja ia ver se faltasse alguma, ia dizer que ele roubou, ia mandá-lo embora, ele precisava do dinheiro. Só faltou chorar.

Como eu disse, ele é muuuuito pior que eu.