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quinta-feira, 31 de março de 2005

Para os anais

Para os anais

Esse me chegou por e-mail, enviada pela Cristina (a.k.a. Digníssima):

Salvador - Reflexões sobre as agruras do exame de próstata, ocuparam grande parte do tempo da sessão de ontem da Assembléia Legislativa da Bahia. Tudo porque o deputado Manoel Isidório de Santana de 43 anos, o Sargento Isidório do PT, usando o tempo cedido pela liderança da oposição na Casa, fez um áspero discurso contra o referido exame, ao qual havia se submetido pela primeira vez na parte da manhã e conforme suas palavras ainda estava "vendo estrelas" por uma suposta violência do médico.

O exame é o mais recomendado para se prevenir o câncer de próstata e consiste no toque da glândula com o dedo através do ânus. Classificando o exame de "angustiante", e exortando a Medicina a criar outro método que não "penalize" tanto os pacientes, Sargento Isidório se inflamou na tribuna e fazia questão de mostrar com gestos exagerados e gritos, como o doutor foi rude.

Embora afirmasse não querer se estender muito no assunto, por considerar "desmoralizante para um pai de família", o deputado petista foi descrevendo detalhes, enquanto seus colegas se divertiam no plenário. Entre outras coisas, reclamou do fato de ser enganado sobre a forma como o exame de toque é feito e repetiu que "foi horrível" e quase desmaia.

Ele gastou cerca de 25 minutos como tema que provavelmente seria encerrado se o deputado e médico Targino Machado (PMDB) não tivesse pedido um aparte para criticar o discurso apologético de Sargento Isidório contra o exame. Foi o suficiente para o petista voltar à carga repetindo toda à sua "desagradável" experiência. Uma das coisas que deixou o Sargento Isidório mais indignado é que após o exame, o médico abriu a porta e chamou o próximo paciente "como se nada tivesse acontecido", enquanto o petista saiu do consultório sentindo-se "deflorado".


Na certa o nobre deputado esperava que o médico o levasse para jantar, mandasse flores e telefonasse no dia seguinte...

sábado, 26 de março de 2005

Telecine Anta

Telecine Anta

Sugestão para os marketeiros da Globosat: O Telecine primeiro criou um canal com filmes dublados (em geral mal dublados) e agora passou, no canal principal, a incluir legendas na chamada "esrita da Internet". Por que não juntam tudo num único canal, o "Telecine Analfabeto"? Ia nos ajudar muito na hora de excluir da programação.

terça-feira, 15 de março de 2005

Chefia cinematográfica

Povo, recebi hoje um artigo delicioso sobre relações de trabalho. Leiam e digam se seus chefes se enquadram. Se quiserem ler o original em inglês, cliquem aqui.

Qual o seu "chefe de cinema"?

Por Laura Morsch, do CareerBuilder.com

Nós vamos ao cinema para entretenimento e para uma fuga temporária da realidade. Às vezes, porém, os personagens e situações na tela parecerem estranhamente familiares.

Talvez seja porque muitas vezes nós mesmos nos consideremos merecedores de um Oscar. De acordo com uma pesquisa recente do CareerBuilder.com, 26% dos trabalhadores se sentem como se estivessem "atuando" no ambiente de trabalho. Não é à toa que "Como enlouquecer seu chefe" e "Um morto muito louco" se tornaram cult.

Às vezes o horário de nove às cinco pode ser bem dramático. O estudo do CareerBuilder.com com 1.333 trabalhadores descobriu que 36% disseram que, se seu ambiente de trabalho fosse um filme, seria um drama, cheio de altos e baixos e com tramas intrincadas.

Curiosamente, as mulheres consideram seus locais de trabalho mais dramáticos que os homens. Entre elas, 43% caracterizaram seus empregos assim, comparadas a apenas 28% dos homens.

Alguns trabalhadores são capazes de descobrir um lado leve no dia de trabalho. Vinte e sete por cento deles dizem que o filme de seu escritório seria uma comédia, e 19% classificam os seu como filmes de ação cheios de adrenalina.

Sete por cento menos afortunados dizem que seus empregos são como filmes de terror, e cerca de seis por centro chamam os seus de mistério (o caso do grampeador desaparecido, talvez?).

Chefes

Todo astro precisa de um ator coadjuvante. Nesse caso, seu chefe. De todos os chefes do cinema, esses dez são os que os trabalhadores mais associam a seus comandantes:

1. Andrew Shepherd, "Meu querido presidente."
Amigável, popular, mas pode às vezes dificultar as coisas.

2. Obi-Wan Kenobi, "Guerra nas estrelas."
Sábio, leal e sempre pronto a dar conselhos.

3. Bill Lumbergh, "Como enlouquecer seu chefe."
Chefe maléfico que adora atormentar os empregados e fazê-los trabalhar nos fins-de-semana.

4. Treinador Norman Dale, "Momentos decisivos."
Usa táticas pouco convencionais para motivar ao sucesso.

5. Franklin Hart, "Como eliminar seu chefe."
Machista, egoísta, mentiroso, hipócrita e preconceituoso.

6. Katherine Parker, "Uma secretária de futuro."
Chefe que apunhala pelas costas e rouba suas idéias para apresentá-las como dele.

7. Bernie Lomax, "Um morto muito louco."
Um pilantra que quer se ver livre de você.

8. Dr. Evil, "Austin Powers"
Tem duas obsessões: ele mesmo e a total dominação do mundo.

9. Cruella De Vil, "101 Dálmatas"
Rica, poderosa e tão má que mataria filhotinhos.

10. Gordon Gekko, "Wall Street"
Workaholic sem amigos ou vida social e que espera o mesmo de você.

Se você tem um chefe como estes últimos, não está sozinho. Trinta e sete por cento dos trabalhadores planejam agraciar-se com um novo emprego antes da entrega do Oscar 2006!

segunda-feira, 14 de março de 2005

De anencefalia e tetas em peixes

De anencefalia e tetas em peixes

Quando eu estava na faculdade (idade do layout lascado), tinha uma amiga judia que, por influência do irmão e da avó, adotou cada vez mais uma postura ortodoxa, incluindo as restrições alimentares. Um dia fomos ao McDonald's do Rio Sul e ela pediu um filé de peixe sem queijo, explicando-me que os judeus não podem misturar carnes e laticínios.

Curioso, fui pesquisar a origem dessa restrição ? muito antes de a Internet facilitar as pesquisas em geral. Depois de escavar Gênese e Levítico, fui achar a resposta em Êxodo 23:19: "não cozerás o cabrito no leite de sua mãe". Confesso que isso só me encucou mais. Se a lógica da restrição é essa, não haveria problemas em comer peixe com queijo ou leite. Afinal, as mães do bacalhau, da tainha e de todos os parentes destes não têm tetas e não produzem leite. Levei a dúvida a minha amiga, que respondeu um lacônico "a tradição manda não misturar, eu não misturo".

Lembro-me desse episódio e do apego de minha amiga ao dogma em detrimento da lógica que o inspirou quando vejo a campanha dos católicos para impedir o aborto de fetos com anencefalia. A idéia aqui não é discutir o direito ou não ao aborto como um princípio geral, ou a tentativa permanente dos cristãos de impor seus princípios ao resto da sociedade. Vamos ficar nesse caso específico.

Para quem não sabe, anencefalia é uma doença em que o feto não desenvolve abóbada craniana e cérebro. É 100% fatal. Tão logo se vê privado do sustento que o corpo da mãe fornece, a criança morre. É como um paciente sem atividade cerebral mantido vivo artificialmente por aparelhos. Está clinicamente morto. O caso do bebê é até mais grave, pois um milagre pode devolver a atividade ao cérebro do paciente, mas não criar um cérebro para o natimorto.

Entretanto, a Igreja combate o aborto desses fetos sob a alegação do direito à vida. A pergunta é: Que vida? No caso de um feto saudável, ele não tem condições de sustentar a própria vida, mas tem um potencial, é verdade. Mesmo portadores de problemas genéticos, como a Síndrome de Down, podem sobreviver e levar uma vida dentro de suas limitações. No caso da anencefalia, porém, não existe potencial de vida.

Quando a Igreja tenta impedir que uma mulher aborte um feto gerado por estupro ou portador de alguma deformidade, sempre pode argumentar que está defendendo o direito daquele feto à vida. Concorde-se ou não, é um argumento. Se não for abortado, aquele feto nascerá e vivera a vida que lhe couber. Agora, usar o mesmo raciocínio para obrigar uma mulher a carregar por nove meses um ser que já vai nascer clinicamente morto é um dogmatismo tão inconcebível quanto procurar tetas num salmão.

domingo, 13 de março de 2005

Jornalzinho depressivo...

Jornalzinho depressivo...

A Câmara dos Deputados é controlada por políticos oriundos das regiões com menos eleitores e menor participação no PIB. A ponto de, matematicamente falando, somente um em cada dez eleitores estar representado na mesa diretora.

A Prefeitura do Rio, sendo verdade o que diz o Ministério da Saúde, aplicou no mercado financeiro R$ 30 milhões dos recursos da saúde, enquanto os hospitais públicos entravam em estado de calamidade.

Quinze anos depois, os principais artífices do Plano Collor continuam por aí prestando consultoria. Conseguiram encolher em mais de 5% a economia brasileira e ainda cobram para dar palpite.

Completam-se em 2005 trinta anos do estupro que a ditadura cometeu contra a cidade do Rio de Janeiro, então estado da Guanabara, fundindo-a ao Estado do Rio. Diminuiu-se a bancada oposicionista no Congresso, ao mesmo tempo em que a divisão do Mato Grosso inchava a representação dos grotões (ver primeiro parágrafo), planejou-se um processo de industrialização que não saiu do papel, confiscou-se da cidade parte considerável do seu patrimônio (o estádio de futebol e o teatro municipais, por exemplo, viraram estaduais) etc.

Esse rosário de desgraças está todo no Globo de hoje. Há um bom tempo eu não via a edição de domingo do jornal tão boa e tão depressiva.

sexta-feira, 11 de março de 2005

Reminiscências

Reminiscências

Lá por volta de 1985, a redação da Roll tinha uma divisão bem clara. Eu, André Machado e Carlos Brito éramos a turma do rock pesado e/ou sessentista e setentista (os discos do U2 na minha coleção eram a exceção que confirmava a regra), enquanto Marcos "Kiko" Pedrosa e Luís Carlos Mansur eram a turma do pós-punk (Smiths, The Cure e quejandos). Éramos todos amigos, mas passávamos o dia trocando ofensas. Enquanto nós ouvíamos "dinossauros pretensiosos que, depois de 15 minutos de solo, não lembravam mais que música estavam tocando", eles gostavam de caras para quem rock se fazia com "pose entediada, assessoria de imprensa e KY". Eram tempos divertidos...

Mas houve uma memorável.

Periodicamente os mudérnos "redescobriam" algo que nós ouvíamos em bases diárias. Certa feita, concluíram que os ídolos deles eram influenciados por The Doors e danaram a exumar Jim Morrison. O Museu da Imagem e do Som (na saudosa gestão de Ana Maria Bahiana) exibiu a gravação de um show do grupo. Kiko e Mansur voltaram em (justificado) estado de graça, soltando frases como "Morrison é gênio!" pelos quatro cantos.

Havia na redação um rádio velho que ficava, por consenso, sintonizado o dia todo na Fluminense. Na mesma semana do vídeo dos Doors, tocou na rádio uma música dos Beatles. Notamos que o Mansur não conseguiu disfarçar um olhar de nostalgia. Eu e Carlos pensamos a mesma coisa, mas ele foi mais rápido:

- Cê gosta de Beatles, Mansur?

- Já tive minha época de beatlemaníaco...

- Engraçado. Cê gostava de Beatles, hoje gosta de Doors... Na verdade, tá vivendo o rock'n'roll com vinte anos de atraso. Daqui a uns quatro anos vai estar ouvindo progressivo ou heavy metal.

Foi a única vez que eu vi o Mansur ficar puto com uma sacanagem do gênero.

Mas era verdade

Mas era verdade

Cinco anos depois dos fatos descritos no post acima, eu (então na editoria Rio do Globo) e Mansur (na sucursal da Folha) nos encontramos na cobertura de um mega assalto a prédio em Copacabana. Enquanto a PM negociava a vida dos reféns, nós batíamos papo na calçada da Rainha Elizabeth, quando o assunto rock surgiu. Mansur soltou a seguinte:

- Poxa, eu ouvi ontem o disco novo do Metallica (...And justice for all). É muito bom!

Quem estava em volta não entendeu nada quando eu me apoiei num poste para não cair no chão de tanto rir...

terça-feira, 8 de março de 2005

Homenagem ao 8 de março

Homenagem ao 8 de março

Duas louras conversavam quando uma virou para a outra e perguntou:

- O que fica mais perto, Londres ou a Lua?

- Alôo! A Lua, claro! Cê consegue ver Londres daqui?

segunda-feira, 7 de março de 2005

Enquete

Enquete

Galera, vamos realizar hoje a primeira enquete do Espírito de Porco.

Cristina me ligou há pouco para avisar que vai chegar em casa com um buquê de rosas (presumo vermelhas). Diz ela que Ana Cristina Reis, a querida colunista do Ela, recebeu o dito buquê e o esqueceu na redação - ou as rosas chegaram depois de ela ter saído, sei lá - e ligou para pedir que um dos valorosos contínuos do Globo pusesse as flores na água. Só que ele não tinha recipiente adequado. Não querendo que as pobrezinhas morressem, ela apelou para as amigas, encontrando na Cristina, samaritana de primeira hora, a ajuda necessária.

Aí o Espírito de Porco pergunta. Este que vos digita está levando:

a) uma bola nas costas;
b) uma volta;
c) um capacete de viking ou
d) TRA.

Por dúvida das vias, muuuuu!

Babaquice tem cura?

Babaquice tem cura?

Já vi muita gente idiota, mas nada que se compare ao mané dessa seqüência de fotos que Cristina me mandou.









Só dando muita porrada, não?

domingo, 6 de março de 2005

Boom da soja

Boom da soja

Minha querida Cláudia Azevedo mandou-me (e para meia torcida do Flamengo) um texto que alerta para os riscos do consumo de soja. Não deixa de ser uma certa ironia, pois Cláudia já teve uma fase tão natureba, mas tão natureba, que, se fosse homem e levasse uma mulher para trás da moita, possivelmente comeria a moita.

De qualquer forma, o texto confirmou minhas suspeitas contra a dita alimentação natural. Desde quando "carne de soja" é natural? Só se "raiz de lombinho" e "folha de picanha" virarem "naturais" também. Alguém aqui já viu uma manada de soja? Ou uma sojinha mamando na mãe? Não, né?

quarta-feira, 2 de março de 2005

Que coisa feia... hehehe

Que coisa feia... hehehe

Dizem que é pecado rir das deficiências alheias. Ainda bem que eu sou pagão e não acredito em pecado...

Gente, recebi um vídeo hilariante de uma entrevista levada ao ar pelo Bom Dia Pernambuco no ano passado. Era uma matéria sobre obesidade e entrevistaram ao vivo a nutricionista Ruth Lemos.

A performance da entrevistada foi tão marcante que Ruth ganhou até comunidade de fãs no Orkut. E, se existe justiça no mundo, alguém foi morto muito violentamente na produção do programa.

Clique aqui e veja o vídeo.

terça-feira, 1 de março de 2005

Só da boca pra fora

Só da boca pra fora

Ok, ok, Lula é um incontinente verbal contumaz e a tal frase sobre corrupção nas privatizações é um primor de má elaboração. Mas eu vou acertar a Mega-Sena acumulada antes de o PSDB e o PFL abrirem um processo contra ele. Vão correr o risco de desencadear uma investigação (CPI ou do Ministério Público) sobre o programa de privatizações e a atuação do BNDES ("o limite da irresponsabilidade")? É ruim, heim! Periga não haver gaiola para tanto tucano...

Patuscada semântica

Patuscada semântica

Na semana passada meu prezado Pedro Doria publicou em no.mínimo um artigo falando sobre os possíveis rumos da igreja católica diante da iminente sucessão de João Paulo II e do descolamento entre ela e parte da sociedade em questões morais. A idéia é que, ao afirmar valores cada vez mais conservadores, a igreja corre o risco de perder a relevância.

Não sei se concordo exatamente. Pelo menos no Brasil, muito do espaço do catolicismo está sendo ocupado por igrejas evangélicas ainda mais retrógradas em aspectos morais. Capazes de reproduzir a Inquisição, mas não de patrocinar uma Capela Sistina. Além disso, o campo conservador alega que a culpa do esvaziamento é justamente dos liberais, que enfatizaram a ação política e social e deixaram de lado as questões espirituais.

De qualquer forma, não é problema meu, pelo menos não diretamente.

Como era de se esperar, PDoria levou uma série de bordoadas na seção de mensagens do site. Recebeu diversos apoios, claro, mas a fúria dos católicos tradicionais chama mais atenção. Uma das reclamações é mais curiosa por critica um trecho em que ele, ao comparar as igrejas católica e anglicana, diz que ambas "adoram Maria". Furibunda, uma das missivistas protestou, dizendo que os católicos não adoram a mãe do chefe, eles a veneram.

Lembrei-me do meu avô, que ficou furioso uma vez porque uma empregada crente dizia que ele adorava ídolos. "Não é adorar, é venerar!" Dizia que tinha estampas da Virgem de Guadalupe, estátuas de São José e outros como tinha retratos de parentes de que gostava muito. Aí eu, espírito-de-porco como sempre, perguntava se ele rezava diante de uma foto da mãe ou se cogitava construir uma basílica para guardar um retrato do avô. Como sempre, ele se irritava e encerrava a conversa, hehehe.

De qualquer forma, a leitora recomenda que o Pedro recorra a um dicionário para entender a clara diferença entre "adorar" e "venerar". Como boa católica (justiça seja feita, boa cristã) ela gosta de pregar o que não pratica. Se tivesse ido ao Aurélio, encontraria o seguinte:

Adorar. Do latim adorare: 1) Render culto a divindade; 2) reverenciar, venerar...

Venerar. Do latim venerare: 1) Tributar grande respeito a, render culto a...

Para tornar ainda mais sem sentindo a alegação de que os sentidos são diversos, o exemplo que Aurélio traz para abonar o último verbo é: "Os pagãos veneravam inúmeros deuses.'

É preciso fazer uma ressalva só quanto ao tempo verbal, pois nós ainda veneramos/adoramos inúmeros deuses.