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quinta-feira, 26 de outubro de 2006

Depressão democrática

Isso aqui era para ser um comentário ao comentário do Luiz, mas como acabei me estendendo demais, é melhor virar um post. Para o contexto ficar claro, reproduzo antes a mensagem do nosso gentil visitante:

Leo,

Algumas considerações:

- Antes de mais nada, provavelmente não votarei em nenhum dos candidatos a presidente (parece que você também não). Votei Cristovam no primeiro turno e não me sinto representado por nenhum dos dois e suas quadr.., perdão, "bases de apoio"

- Passo a anos-luz de distãncia de qualquer edição da Veja (quem te viu, quem te vê ...). Tá quase igual à finada Primeira Leitura dos últimos tempos.

- Não considero que a Carta Capital tenha manipulado a pauta com fins eleitoreiros, apesar da revista ser declarada e abertamente pró-Lula. Na minha visão de leigo, ela apenas mostrou os detalhes até então obscuros de uma história totalmente nojenta (o dossiê, a tentativa de compra e divulgação do mesmo, tudo nojento, sem inocentes).

- Os detalhes que apareceram após a publicação da reportagem reforçaram a credibilidade da mesma. A gravação do diálogo entre o delegado e os repórteres deixa muito mal todos os órgãos de imprensa envolvidos. Não pela divulgação da fotos em si (deveriam ter sido divulgadas de cara pela própria PF), e nem pela preservação inicial da identidade da fonte (correta), mas por omitir fatos e declarações dessa fonte, e por divulgar um fato que sabiam ser mentiroso: o suposto furto das imagens de dentro da PF.

Como disse antes, é opinião de um leigo em jornalismo.

Luiz


Agora o meu:

Oi Luiz

O buraco é um pouco mais embaixo.

Primeiramente, e isso ficou claro na leitura da matéria, havia o interesse de usar um desvio ético (o vazamento das fotos pelo delegado e a ocultação pela imprensa da forma como o vazamento se deu) como manobra diversionista para um crime - a compra do dossiê por integrantes da campanha petista com dinheiro de origem ilegal. ATENÇÃO: "Ilegal", como lembrou o Biscaia, pelo simples fato de não fazer parte da contabilidade legal da campanha. Fora uma merreca com carimbos de bancas de bicho, não há (ao menos até agora) sinais de origem criminosa do grosso da bolada.

"Segundamente", houve extrema má fé na edição das gravações. O delegado, de fato, falou no Jornal Nacional, mas também falou no Jornal do SBT e na Band. Ele queria que as fotos aparecessem na TV naquele dia, se possível em todas. Mas essa informação enfraquecia a espinha dorsal do artigo, que era o complô entre o PSDB e a Globo para forçar um segundo turno. Isso é ofender a inteligência alheia: um complô desse tipo não seria tratado na porta da PF entre um delegado e meia dúzia de repórteres. Pior, em nenhum lugar do mundo alguém pleiteia exclusividade para um veículo dando a informação para um grupo de jornalista de outros órgãos de comunicação.

Não foi um complô que levou a eleição para o segundo turno. Foi, com o perdão da má palavra, uma cagada perpetrada por um grupo de petistas. Esconder a montanha de dinheiro só serviu para manter o assunto em destaque. Sebe o que é pior? As fotos foram divulgadas na antevéspera da eleição e, de fato, tiveram um efeito devastador. Mas, 15 dias depois, já tinham sido absorvidas e Lula abria uma ampla vantagem nas pesquistas. Se tivessem sido divulgadas no dia 15 de semtembro, dia da prisão dos petistas, talvez seu impacto inicial tivesse sido absorvido nas duas semanas seguintes.

Manobras diversionistas como essa da Carta Capital tentam tapar o sol com a peneira e prejudicam um eventual esforço do próprio PT para se purgar para um provável segundo mandato do "Noço Guia". Isso me lembra um pouco o que aconteceu em 1989. Eu não tinha votado em Lula no primeiro turno, mas era voto anti-Collor garantido no segundo. Aí veio aquele fatídico debate na Globo. Eu vi até o fim. Quanto acabou, botei as mãos na cabeça e disse pra mim mesmo "nos lascamos" (quer dizer, o expletivo foi outro, mas já gastei a cota de palavrão lá em cima). Lula tinha sido péssimo. Por três vezes Collor olhou na cara dele e disse "o sr. não sabe ler" e ficou no ora veja. Gagejou, se enrolou. O pior momento foi quando Collor, dono de uma rede de TV e um jornal e de sei mais quantas outras empresas, disse que não tinha condições de ter um três-em-um igual ao de Lula, que foi incapaz de esboçar uma reação.

No dia seguinte, o clima entre meus colegas de faculdade (esses sim, petistas de carteirinha) era de desolação. Todos tiveram a mesma reação que eu. Eis que de noite o Jornal Nacional fez aquela edição malsã do debate, juntando os melhores momentos de Collor com os piores de Lula, não que houvesse muitos bons momentos dele para exibir. Pois bem, na segunda-feira, passada a eleição, aqueles mesmos colegas afirmavam que Lula fora muito bem no debate e que a culpa da derrota fora o JN. Até hoje procuro um eleitor do Collor (e era fácil achá-los antes do caso PC) que afirmasse ter mudado o voto por conta da edição do jornal ou mesmo do debate. Nunca achei.

Mas, deixando a digressão de lado, me parece que nós da imprensa é que saímos pior na foto da eleição. E isso de lado a lado. Enquanto Carta Capital edita marotamente a gravação do delegado, Veja usa e abusa de fontes anônimas como se fossem fatos. Como o mestre Luís Garcia não cansa de repetir (e mesmo lá no Globo não é todo mundo que ouve), informação anônima é pauta, não é matéria. A partir dela se apura para chegar aos fatos que a confirmem. Só aí se tem algo para publicar. "Três delegados da PF" dizendo que Freud visitou Gedimar (cada nome...) são, no máximo, uma pauta sólida. Bastava pedir a qualquer um deles a gravação do circuito interno de TV mostrando Freud na PF naquele dia e pronto, a matéria já existiria. Mas não, aparentemente a fonte anônima já é boa o bastante.

Aqui no Rio, o cenário é pior ainda, a começar pelas manchetes. Gosto demais do Globo e fui muito feliz trabalhando lá, mas "PT vai usar facção criminosa para abafar dossiê" foi de lascar. Dentro a notícia era algo como: "Para contrapor o discurso do PSDB sobre ética, o PT ia chamar a atenção para a consolidação do PCC durante os governos tucanos em São Paulo". Beeem diferente.

Mas, como um lado não é melhor que o outro (dia 29, 00 confirma), O Dia, tradicionalmente ligado ao PMDB fluminense e momentaneamente lulista, mandou uma seqüência de manchetes falando do "delegado da farsa do dossiê". Peralá! Farsa do roubo das fotos, tudo bem. Farsa do dossiê, não. Os aloprados foram presos com a grana – cuja origem, aliás, ainda não foi explicada.

Em suma, democracia é bom, mas tem horas que deprime...

sábado, 14 de outubro de 2006

Zerou o placar

Parabéns à revista Carta Capital. Com a edição deste fim de semana ela conseguiu finalmente se igualar a Veja em termos de manipulação de uma pauta para fins político-partidários.

quinta-feira, 12 de outubro de 2006

Blog em chamas

Blog em chamas

Ok, ok. Eu sei que pagão e fogueira nunca acabam bem, mas... A convite da minha querida Ana Paula Baltazar, estou participando de umas polêmicas no blog Lenha na Fogueira.

Passem lá para conferir.

segunda-feira, 9 de outubro de 2006

Lado positivo

O debate entre Lula e Alkmin ontem à noite mostrou um tremendo avanço para a democracia brasileira.

Alkmin disse que o governo do PT é corrupto. Lula disse que os governos do PSDB (em São Paulo e no Brasil) foram corruptos.

Há quanto tempo não víamos políticos falarem tantas verdades na TV?

domingo, 8 de outubro de 2006

Diálogos X-Crotos (sei lá que número)

Essa aconteceu com meu amigo Eduardo numa Blockbuster em Campinas, onde a mulher dele trabalhou por uns tempos. Um belo dia ele entrou na locadora (era a primeira vez que ia numa Blockbuster), olhou daqui, olhou dali e não encontrou o que procurava. Pediu então ajuda a um funcionário, e travou-se o seguinte diálogo:

- Vocês aqui trabalham com sala reservada ou tem que pedir por número do catálogo?

- Como, senhor?

- É, por filmes adultos. Onde eles ficam?

- Ué, cavalheiro, tirando a estante de filmes infantis, os outros são todos adultos.

- Não. Estou falando dos filmes eróticos, os pornôs.

- Queisso, cavalheiro?! A Blockbuster não trabalha com isso. É uma locadora da família.

- Ué, família não é pai, mãe e filho? Como é que você acha que o filho é feito?