Total de visualizações de página

sábado, 16 de fevereiro de 2008

O sr. e um fanfarrão, sr. Ministério

Este ano, uma comissão do Ministério da Cultura responsável pela indicação de um filme brasileiro para a disputa do Oscar de Melhor Filme em Língua Não Inglesa (chamado erroneamente de Melhor Filme Estrangeiro) escolheu para a disputa "O ano em que meus pais saíram de férias", um filme piegas e politicamente correto (perdoem a redundância) calcado no sempre apelativo recurso de ter uma criança como protagonista. O grande preterido na ocasião foi "Tropa de Elite", um retrato brutal e chocante das relações entre polícia, crime e sociedade no Rio de Janeiro. Enquanto "O ano..." caiu no esquecimento tão rapidamente quanto foi sua passagem pelos cinemas, "Tropa" converteu-se num fenômeno cultural, criou expressões adotadas pelo povo e suscitou debates incômodos sobre brutalidade policial, sociopatia da violência e cumplicidade da sociedade com o crime. Mas, provavelmente, não era a imagem que o Ministério queria mostrar.

Pois bem, enquanto "O ano..." foi solenemente ignorado lista final de indicados ao Oscar, "Tropa de Elite" acaba de ganhar o Urso de Ouro do Festival de Berlim.

A única coisa que se pode dizer aos luminares do Ministério da Cultura é: "Pede pra sair".

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Aliás

Nos últimos anos fiz algumas viagens a fronteiras agrícolas por conta do trabalho. Fui a São Raimundo Nonato, no Piauí (entrevistar a antropóloga Niede Guidon), e a São Félix do Araguaia, no Mato Grosso (entrevistar Dom Pedro Casaldáliga). Voltei das duas convencido que, se pretendemos salvar o meio-ambiente naquelas regiões, temos que começar a boicotar os produtos derivados da soja (incluindo tofu e shoyo), pois é essa cultura que está avançando predatoriamente sobre a vegetação nativa.

Mas vá explicar isso para um amigo natureba...

Decide, pô!

Recebi de uma amiga semi-natureba uma mensagem de fim de ano cheia de conselhos edificantes politicamente corretos. O problema é que quatro deles guardam uma certa incoerência: "Coma menos carne", "coma mais vegetais orgânicos", "gaste menos água", "gaste menos papel". Ora, se uma pessoa decide ir contra sua natureza biológica e parar de comer carne e ainda por cima aumentar o consumo de alimentos orgânicos (o que é muito bom), vai ter um aporte maior de fibras, o que implica uma produção maior de matéria fecal. Ergo, vai gastar mais papel para limpar a buzanfa e mais água para dar o acabamento. E aí, qual a melhor maneira de salvar o planeta?

Ah, alguém pode explicar para o tosco aqui como é que o consumo de carne "agrava a desigualdade social"?