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quinta-feira, 23 de setembro de 2004

Sente o drama

Triste não é o meu prezado Pedro Dória ter virado pato-alfa na piada do Sexcut. Chato mesmo foi a Leila Sterenberg ter-lhe descido a bordoada em casa por ele ficar de sem-vergonhice na Internet.

segunda-feira, 13 de setembro de 2004

E eu não vi!

Acabo de chegar do lançamento de De cada amor tu herdarás só o cinismo, primeiro romance do meu querido Arthur Dapieve. O livro começa nos últimos acordes do show do REM no Rock In Rio 3, quando o publicitário quarentão Bernardino Oliveira encontra Adelaide, a estagiária toda boa que vira sua cabeça.

O autor jura de pés juntos - e enfatiza na dedicatória de meu exemplar - que se trata de uma obra inteiramente ficcional. Tomara. Afinal, eu assisti ao dito show ao lado do Dapi e não me conformaria de não ter notado a ruiva gostosa que ele descreve no livro.

domingo, 12 de setembro de 2004

38 invernos

O papo hoje é Pink Floyd

The Sun is the same in a relative way, but you're older
And shorter of breath and one day closer do death.

sexta-feira, 10 de setembro de 2004

Passo a palavra

Conversando com uma amiga, lembrei-me deste magnífico artigo do mestre Millôr. Para mim, ninguém explicou tão bem o que era viver na "Cidade Maravilhosa". E olhe que foi escrito exatos vinte anos antes de o lúmpen evangélico tomar o poder...

O Carioca É. Antes de Tudo.
Millôr Fernandes

Os paulistanos(!) que me perdoem, mas ser carioca é essencial. Os derrotistas que me desculpem, mas o carioca taí mesmo pra ficar e seu jeito não mudou. Continua livre por mais que o prendam, buscando uma comunicação humana por mais que o agridam, aceitando o pão que o diabo amassou como se fosse o leite da bondade humana. O carioca, todos sabem, é um cara nascido dois terços no Rio e outro terço em Minas, Ceará, Bahia, e São Paulo, sem falar em todos os outros Estados, sobretudo o maior deles o estado de espírito. Tira de letra, o carioca, no futebol como na vida. Não é um conformista - mas sabe que a vida é aqui e agora e que tristezas não pagam dívidas. Sem fundamental violência, a violência nele é tão rara que a expressão "botei pra quebrar" significa exatamente o contrário, que não botou pra quebrar coisa nenhuma, mas apenas "rasgou a fantasia", conseguiu uma profunda e alegre comunicação - numa festa, numa reunião, num bate-coxa, num ato de amor ou de paixão - e se divertiu às pampas. Sem falar que sua diversão é definitivamente coletiva, ligada à dos outros. Pois, ou está na rua, que é de todos, ou no recesso do lar, que, no Rio é sempre, em qualquer classe social, uma open-house, aberta sob o signo humanístico do "pode vir que a casa é sua".

Carioca, é. Moreno e de 1,70 metro de altura na minha geração, com muitos louros de 1,80 metro importados da Escandinávia na geração atual, o carioca pensa que não trabalha. Virador por natureza, janota por defesa psicológica, autocrítico e autogozador não poupando, naturalmente, os amigos e a mãe dos amigos - ele vai correndo à praia no tempo do almoço apenas pra livrar a cara da vergonhosa pecha de trabalhador incansável. E nisso se opõe frontalmente ao "paulista", que, se tiver que ir à praia nos dias da semana, vai escondido pra ninguém pensar que ele é um vagabundo.

Amante de sua cidade, patriota do seu bairro, o carioca vai de som (na música), vai de olho (é um paquerador incansável e tem um pescoço que gira 360 graus), vai de olfato (o odor é de suprema importância na fisiologia sexual do carioca).

Sem falar, que, em tudo, vai de espírito; digam o que disserem, o papo, invenção carioca, ainda é o melhor do Brasil, incorporando as tendências básicas do discurso nacional: o humanismo mineiro, o pragmatismo paulista, a verborragia baiana.

E basta ouvir pra ver que o nervo de todas as conversas cariocas, a do bar sofisticado como a do botequim pobre e sujo, por isso mesmo sofisticadíssimo, a do living-room granfa, a da cama (antes e depois), é o humor, a crítica, a piada, a graça, o descontraimento. Não há deuses e nada é sagrado no Olimpo da sacanagem. O carioca é, antes de tudo, e acima de tudo, um lúdico. Ainda mais forte e mais otimista do que o homem da anedota clássica que, atravessado de lado a lado por um punhal, dizia: "Só dói quando eu rio", o carioca, envenenado pela poluição, neurotizado pelo tráfego, martirizado pela burocracia, esmagado pela economia, vai levando, defendido pela couraça verbal do seu humor.

Só dói quando ele não ri.

Só dói quando ele não bate papo.

Só dói quando ele não joga no bicho.

Só dói quando ele não vai ao Maracanã.

Só dói quando ele não samba.

Só dói quando ele esquece toda essa folclorada acima, que lhe foi impingida anos a fio com o objetivo de torná-lo objeto de turismo, e enfrenta a dura realidade... carioca.

Texto extraído do livro "Que País é Este?", Editora Nórdica - Rio de Janeiro, 1978, pág. 50.
Tudo menos isso

Tenho pedido desesperadamente aos meus Deuses para que o furacão Ivan pegue leve em sua passagem pela Jamaica, sem causar a hecatombe que provocou em Granada.

Não que eu me importe muito com os jamaicanos, mas tenho até pesadelos com a quantidade de shows e especiais de reggae que neguinho ia inventar para uma campanha de reconstrução da Jamaica. Ia se um tal de "iô" pra cá, "iô, iô, iô" pra lá, e "tchec, tchec" acolá... É preferível deixar como está.

Não, eu não sou um bom ser humano.

terça-feira, 7 de setembro de 2004

A Vila da Marushcka

Na Rua Senador Dantas, no Centro do Rio, havia um cinema que, em seus últimos dias, especializou-se em exibir filmes pornôs. Todo início de tarde ele ficava lotado de office boys para uma masturbação pós-prandial. O nome do cinema, hoje um estacionamento, fugiu-me, mas não era um poeira, não; chegou a passar bons filmes comerciais. Mas, diante do esvaziamento da Cinelândia, apostou suas últimas fichas no filão do sexo explícito.

No fim de 1987 estreou no Brasil um filme chamado Diabo no corpo, produção ítalo-fracesa dirigida por Marco Bellochio. O filme tinha pretensões intelectuais e, claro, era chato de doer. Seu único atributo era a nudez praticamente constante da atriz principal, a holandesa Maruschka Detmers - que já mostrava as formas no cartaz sensual. O ponto alto é a cena em que ela aplica um rápido mas real felatio no ator Federico Pitzalis.

Talvez por conta dessa cena fugaz e do cartaz sexy, o filme foi exibido da dita sessão-punheta do cinema supracitado. Bem, vocês imaginam, né? Os boys esperavam duas horas de lesco-lesco e deram de cara com duas horas de nudez soft-core, blá-blá-blá intelectualóide em italiano e um mísera e rápida cena de sexo oral. Rolou quebra-quebra, e o caso foi parar nos telejornais locais.

Como e por que eu lembrei dessa história? Hoje, assistindo A Vila, novo filme de M. Night Shyamalan. Não, ninguém chupa ninguém na Vila. A semelhança é que o cinema estava cheio de aborrecentes atrás de uma história de terror sanguinolenta, e o filme é tudo, menos isso. Dos quatro filmes de Shyamalan, é o mais adulto - talvez por isso as crianças, personagens centrais dos anteriores, sejam mero elemento cenográfico neste.

Em seus dois primeiros filmes (o aclamado Sexto sentido e o subestimado Corpo fechado), Shyamalan mostrou duas especialidades: dirigir crianças e dar rasteiras no público. Já no fraco Sinais, ainda que arrancasse uma belíssima performance dos atores-mirins, cochilou no roteiro e produziu pela primeira vez uma história previsível. Desde o começo está na cara que são alienígenas mesmo, que a asma do menino vai ter um papel fundamental e que tudo é um pano de fundo para o pastor recuperar sua fé. Chaaaaato.

Desta vez ele voltou a carregar nas surpresas e nas idas e vindas de uma história que, independentemente de sustos eventuais e de uma única cena de sangue, está completamente fora dos padrões do terror. Por disso saí do cinema ouvindo de um bando de gente cuja soma da idade com o QI não chegava a 40 variações de "Maluco, que filme merda".

Em tempo, para não estragar a surpresa, vou deixar passar umas semanas antes de comentar a história. Só um detalhe: são três rasteira que ele dá. A primeira eu matei antes mesmo de assistir, só lendo a resenha e ruminando o estilo do diretor. A segunda eu matei logo no começo, percebendo uma falha no meu raciocínio anterior. Na terceira, confesso, eu caí.

Depois eu explico...

domingo, 5 de setembro de 2004

Irremediavelmente perdido

Luísa me deu um golpe de misericórdia: disse "pa-pa" se esticando na minha direção.