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segunda-feira, 29 de novembro de 2004

Fim do mundo

Fim do mundo

Sei que vou levar até pedrada, mas que se dane. O blog é meu, mesmo.

Eu sou pai, tenho uma criança em casa. Imaginar que alguém considere viver nas ruas um direito da criança é algo que nunca vai entrar na minha cabeça.

Babação absoluta

Babação absoluta

Filhos dão um trabalho tremendo e uma despesa de arrancar os cabelos - mas fazem tudo isso desaparecer com coisas simples, como a que me aconteceu hoje de manhã.

Há tempos vimos estimulando Luísa a andar, apoiada no chiqueirinho, nos móveis ou nas nossas mãos. Hoje, brincando comigo no tapete de borracha, ela andou sozinha pela primeira vez. Seus dois primeiros passos foram uma experiência só nossa. Depois, diante de Cristina, repetiu a façanha e chegou a dar cinco passos sem apoio nenhum.

Ok, ok. Sei que a partir de agora "Volta aqui, Luísa!" vai ser uma das frases mais comuns do meu vocabulário, mas estou nas nuvens.

Torço que não, mas...

Torço que não, mas...

Antes de mais nada, alguns esclarecimentos úteis:

- Tenho Luís Fernando Veríssimo na categoria de ídolo.

- Sou rubro-negro de berço e estou torcendo alucinadamente para que o Flamengo escape do rebaixamento no Campeonato Brasileiro - daí estar feliz da vida com a vitória sobre o Palmeiras.

Isto posto, não dá para concordar com a coluna que Veríssimo publicou hoje no Globo. Nela, um proverbial marciano fica chocado ao saber que, por conta do regulamento, o já deficitário campeonato corre o risco de perder na sua elite a maior torcida do país. Fico surpreso que Veríssimo - em tudo um saudável crítico da lógica imoral do mercado - pense no campeonato como uma equação mercadológica.

Como disse, torço desesperadamente para que o Flamengo não termine a competição entre os quatro últimos da tabela. Mas, se terminar, tem que cair. Aturar meus cunhados vascaínos nesse caso seria o inferno na terra, mas é o preço a pagar.

Eu acredito - e ninguém é obrigado a concordar - que dois dos grandes problemas do Brasil parecem ser nossa incapacidade atávica de respeitar regras mínimas de organização e nossa complacência com a mediocridade. O Flamengo não está suando sangue para escapar do rebaixamento porque os Deuses são maus. Está por pura incompetência, por desorganização técnica e administrativa.

O time que hoje detonou fora de casa um dos líderes do campeonato foi o mesmo que tomou de seis do Atlético Mineiro - colega de Zona da Morte. Dá para reclamar se cair? Não. Como não dá para aceitar um tapetão.

Lembram do Fluminense nos anos 90? Caiu para a segundona, mas escapou graças a uma virada de mesa - numa das imagens mais patéticas da década, o então presidente do clube chegou a estourar um champanhe para comemorar a desonestidade. Resultado, conseguiu ser o único time rebaixado para a série B duas vezes seguidas e ainda amargou uma descida para a terceirona. Foi só aí que começou a atacar de fato seus problemas e voltar a crescer. Não é à toa que está em primeiro entre os cariocas no Brasileirão.

Desculpem o simplismo, mas eu realmente acho que não dá pra ser ético em meio expediente.

quinta-feira, 18 de novembro de 2004

Desenredo

Desenredo

(Dori Caymmi e Paulo César Pinheiro)

Por toda terra que passo
Me espanta tudo o que vejo
A morte tece seu fio
De vida feita ao avesso

O olhar que prende anda solto
O olhar que solta anda preso
Mas quando eu chego
Eu me enredo
Nas tranças do teu desejo

O mundo todo marcado
A ferro, fogo e desprezo
A vida é o fio do tempo
A morte é o fim do novelo

O olhar que assusta
Anda morto
O olhar que avisa
Anda aceso

Mas quando eu chego
Eu me perco
Nas tramas do teu segredo

Ê, Minas
Ê, Minas
É hora de partir
Eu vou
Vou-me embora pra bem longe

A cera da vela queimando
O homem fazendo o seu preço
A morte que a vida anda armando
A vida que a morte anda tendo

O olhar mais fraco anda afoito
O olhar mais forte, indefeso
Mas quando eu chego
Eu me enrosco
Nas cordas do teu cabelo

Ê, Minas
Ê, Minas
É hora de partir
Eu vou
Vou-me embora pra bem longe

(Está aqui por nenhum motivo em especial, apenas porque adoro essa música)

Diálogos X-Crotos - Vida Real

Diálogos X-Crotos - Vida Real

Minha prezada Lanika publicou essa história no Multiply. Encaixava-se tão bem nos Diálogos X-Crotos que pedi a autorização dela para reproduzir. Cá está:

Hora do almoço. Pego meu Études literaires sur Baudelaire e penso em dar uma pausa no ritmo frenético de pré-lançamento de filme lendo na praça em frente ao meu trabalho. Estou, como sempre, vestida de preto. Talvez um pouco mais arrumada que o habitual. E pago o preço por isso:

Motoboy saindo do prédio: "Nossa colega... o viúvo era um cara de sorte. "

Se eu ganhasse um centavo de dólar todas as vezes que ouvi essa frase ao longo dos anos - pelo menos os outros tinham a decência de falar "falecido", animalzinho! - estava rica. Bateu, levou:

Eu: "Infelizmente ele ainda não morreu. Mas eu adoraria matá-lo! "

Ele: "Poxa, mas eu bem que queria estar no lugar dele".

Eu (não agüento): "Por quê? Você também quer que eu te mate?"

Atravessei a rua e fui tratar de ler meu livro, ignorando o ataque de gagueira do sujeito.

sábado, 13 de novembro de 2004

Até que enfim

Até que enfim

Li hoje no jornal que o governo brasileiro classificou a China como uma "economia de mercado". A Fiesp soltou nota dizendo que não é, não, e fico meio na dúvida quanto à relevância da classificação pelo Planalto.

De qualquer forma, seria muito bom se a economia chinesa fosse universalmente aceita como "de mercado", pois isso acabaria de vez com um sofisma que a minha geração ouviu ad nauseum: que o capitalismo (do qual "economia de mercado" é só nome de fantasia) está umbilicalmente ligado à democracia.

Pelo contrário. Nenhum empresário vai admitir isso em on, mas, se pudesse escolher, preferiria produzir num lugar sem liberdade sindical, sem imprensa para denunciar corrupção, sem um Judiciário independente, sem partidos de oposição etc. etc. Basta lembrar que anos atrás a tetéia latino-americana da banca era o Chile, cuja economia cresceu horrores sob a igualmente horrorosa ditadura de Pinochet - sem falar do Milagre no governo Médici.

Pois bem, de agora em diante temos a China para nos lembrar que capitalismo gosta, e muitcho, de uma ditadurazinha.

sexta-feira, 12 de novembro de 2004


Chique que só

Eu (ponto com) diante de Ariano Suassuna em Jaboatão (PE). Não bastasse ser um gênio do teatro e uma pessoa de uma cultura vastíssima, é de uma simpatia a toda prova.
 Posted by Hello

terça-feira, 9 de novembro de 2004

Para bom entendedor...

Para bom entendedor...

Cheguei de viagem de dei de cara com meus DVDs (que ficam embaixo da mesa de centro) presos com fita crepe e todos os objetos de cima da dita mesa removidos. Nem precisei perguntar para chegar à conclusão óbvia... Luísa começou a engatinhar.

Agora ninguém segura.

quinta-feira, 4 de novembro de 2004


Mídia em cima do lance Posted by Hello

Semaninha de merda...

Semaninha de merda...

Por enquanto ainda é boato, mas parece que Yasser Arafat teve morte cerebral. Em se confirmar, desaparece o último dos dois signatários da mais sólida iniciativa de paz do Oriente Médio. O outro, o saudoso primeiro-ministro Itzak Rabin, foi assassinado por um extremista judeu, em meio a uma pesada campanha de difamação promovida pelo partido direitista Likud, atual detentor do poder em Israel.

De cara, pode-se dizer que, após a vitória de Bush, a eventual morte de Arafat vai fazer a alegria da direita norte-americana. Para ser a melhor semana de todos os tempos para eles, só falta todos os gays morrerem ao mesmo tempo.

Por outro lado, a morte cerebral não significa que o comandante tenha que deixar a chefia da Autoridade Palestina. Bush também não usa muito o cérebro e conseguiu até se reeleger.

quarta-feira, 3 de novembro de 2004

Nostalgia

Nostalgia

Recebi hoje uma mensagem com uma notícia boa demais pra ser verdade, mesmo publicada na Folha. A fonte é a Reuters, mas a dita agência está com a credibilidade mais em baixa de umbigo de cobra, depois da pesquisa de boca de urna nos EUA.

Mas diz a notícia que um sujeito de 46 anos entrou na área dos leões no zoológico de Taipé para converter os animais ao cristianismo. Sim, isso mesmo que você leu. Aos gritos de "Jesus vai salvar vocês!", o homem chegou a poucos metros de dois leões.

Para a sorte do maluco, os leões tinham sido alimentados, o que o salvou de ser devorado. Porém, como nem leão agüenta o proselitismo dessa gente, um dos animais tascou-lhe uma dentada na perna, antes que o tratador interviesse. Parece que o leão passa bem.

Lembrou-me a anedota clássica do sujeito que, acossado por um leão, fechou os olhos e pediu aos céus que transformassem a fera num bom cristão. Quando olhou, o bicho estava ajoelhado e rezando: "Senhor, obrigado por esse alimento. Amém."

Tremenda mistura de nostalgia com revisionismo histórico: é o primeiro cristão que se atira voluntariamente aos leões. Que outros (especialmente um certo casal de Campos) sigam esse edificante exemplo.

Mais oito anos

Mais oito anos

Com a derrota de John Kerry, George W. Bush se credencia como o mais forte candidato presidencial em 2008. Não, eu não estou maluco. A Constituição norte-americana determina que uma pessoa só pode ser eleita para a Casa Branca duas vezes. Bem, eleito, eleito mesmo ele só foi agora. De repente deve poder concorrer de novo.

Cloaca de urna

Cloaca de urna

Toda eleição as pessoas falam nos erros da pesquisa de boca de urna do Ibope, especialmente em São Paulo - a última foi uma notável exceção. Mas Carlos Augusto Montenegro pode dormir sossegado. O Instituto Zogby e a Reuters deram uma nova definição para "erro de pesquisa". Ontem à tarde, com metade dos estados norte-americanos ainda em votação, soltaram uma pesquisa dizendo que John Kerry não apenas ganharia a eleição, como ainda carregaria 313 votos no Colégio Eleitoral.

Quando vi na Globonews a chamada "Boca de urna dá vitória a Kerry", fiquei feliz da vida. Mas a felicidade foi toda embora quando o noticiário detalhou a "pesquisa". Praticamente todos os Estados de Sexo Grupal (tradução livre para Swinging States) foram dados para o democrata - parecia muito mais wishful thinking que pesquisa séria. Quero ver agora o que o instituto e a agência vão dizer.

Quanto à vitória de Bush, não fossem as conseqüências para o resto do mundo, diria quase que é bem feito. Se os americanos querem um presidente que mente patologicamente para levar o país à guerra, que está produzindo um déficit público que vai estuprar-lhes a economia, que delega enormes nacos do governo a empresas e a grupos de extrema-direita evangélica, pior para eles. Claro que as perspectivas para os próximos quatro anos são tétricas, mas a gente sobrevive.

Por enquanto ainda estou saboreando as derrotas de Crivella e Garotinho. Depois choro a vitória de Bush...

segunda-feira, 1 de novembro de 2004

Sensacional

Sensacional

Ok, eu concordo que comemorar Halloween é macaquice, pura imitação dos americanos. Mas, eu fosse numa festa dessas, ia copiar a fantasia desse sujeito abaixo.



Afinal, é aterrorizante e, pior, retrata um tipo de monstro que existe de verdade.