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quarta-feira, 5 de novembro de 2003

Trevas cariocas

Há um ano, quando as urnas decretaram quatro anos de obscurantismo cor-de-rosa para o Estado do Rio, eu comentei com amigos que iríamos encarar uma dobradinha do lumpesinato evangélico com a banda podre da polícia. Hoje esses dois exemplos do que o Rio de Janeiro produziu de pior tiveram momentos de glória graças à caneta malsã da nossa governadora diminutiva.

Primeiro ela exonerou o secretário de Direitos Humanos, João Luiz Duboc Pinaud, que havia denunciado e investigava a morte sob tortura de um comerciante num presídio. Deu com isso um inequívoco sinal verde à facção da polícia que considera moer um preso de pancada a forma mais eficiente de investigação.

Depois, vetou a lei (aprovada por 52 votos a 2 na Alerj) que institui o ensino religioso ecumênico nas escolas públicas. Pela lei, professores laicos falarão sobre ética religiosa, história comparada das religiões etc. Mas nossa “juíza Moore” dos pobres quer ensino confessional, catecismo em sala de aula, sob tutela das igrejas e às custas do dinheiro público. E ainda prometeu recorrer da liminar que cancelou o concurso para catequista, quer dizer, professor de religião. Qualquer semelhança com as escolas do regime Talibã não é mera coincidência. Resta a tênue esperança de que a Alerj derrube o veto e a Justiça mantenha a liminar.

O pior é que ela foi eleita em primeiro turno, o que me deixa profundamente preocupado com o tipo de população que o carioca está se tornando.

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