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quarta-feira, 26 de maio de 2004

Psiquiatria em choque!

Cresce nos meios psiquiátricos a inquietação por conta de uma patologia desconhecida que vem se alastrando significativamente: são mulheres, em geral jovens, que desenvolvem uma fixação na figura paterna, chegando mesmo às raias do desejo sexual e da paixão.

"Peraí, Leonardo, isso é Complexo de Elektra", dirão os mais ilustrados.

Complexo de quê, cara-pálida? Se alguém falar "Elektra, filha do rei Agamenon, que vinga o assassinato do pai pelo novo consorte da rainha", pode esquecer. Para milhões de pessoas que viram o filme Tróia - e não fazem a menor idéia do que sejam Ilíada, Odisséia ou Elektra -, Agamenon morre no cerco, não volta para casa, não é assassinado, nem tem filha para vingá-lo - ficando sem nome o complexo supracitado.

Ok, ok, eu sei, filme é filme. Cineastas não têm compromisso com História, com original etc. É preciso fazer adaptações para atrair o público, como valorizar o personagem Arwen no Senhor dos Anéis, ou tornar mais ágil a narrativa - tirando a chatíssima discussão de semiologia de O Nome da Rosa. Mas tem horas que a coisa fica ridícula. Os dez anos da Guerra de Tróia são reduzidos a alguns dias, Páris foi criado com a família real e não por pastores, a intervenção divina desaparece da saga e por aí vai.

Por outro lado esse tipo de coisa segue uma tradição firmada em Hollywood: o gênero Cinema de Estupro Literário, cujos expoentes são A Letra Escarlate com final feliz, Os Três Mosqueteiros pós-adolescentes, Robin Hood de Kevin Costner e, lestibatinotilist, Drácula, no qual Francis Ford Coppola inventou uma origem para o vampiro e um romance tórrido entre ele e Mina, e ainda teve a cara-de-pau de dizer que era uma adaptação fiel à obra de Bram Stocker.

Só falta agora o final feliz para Romeu e Julieta.

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