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sexta-feira, 20 de junho de 2003

nu-Metallica

Povo. Este post está um pouquinho atrasado porque eu queria ouvir com atenção “St. Anger”, novo disco do Metallica. Na semana passada, troquei e-mails com meu prezado Arthur Dapieve a respeito do assunto. Como eu ainda não tinha ouvido o disco direito, falamos mais sobre as críticas que estavam saindo com erros de informação e de conceito dolorosos, e ele me disse que esse seria o assunto de sua coluna de sexta-feira 13 no Globo – clique aqui para ler a coluna dele, estreando a página de arquivos Pensata de Porco.

Antes de mais nada, vamos deixar clara uma coisa: sou fã do Metallica. Fã de ter e ouvir todos os discos e mais uns dois ou três piratas, incluindo Live in Woodstock. Mais, sou fã de heavy metal como gênero, que ouço há pelo menos uns 27 anos. Tirando o nu-metal americano, gosto de praticamente todas as vertentes.

Voltando ao tema principal, depois de ler a coluna e ouvir o disco, tenho que dizer que o Dapi foi bonzinho, tanto com os críticos quanto com “St.Anger”. Tem gente por aí dizendo que o disco é uma volta ao velho som do Metallica. Para dizer isso, é preciso nunca ter ouvido “Kill’em All” ou “Ride the Lightning”. É preciso não gostar de heavy metal e achar que peso é tudo igual. Pensando assim, claro: “Ah, os primeiros discos do Metallica eram muito pesados. Este disco é muito pesado. Dã, então estão voltando ao som antigo então”. Só se for na seção de lançamento de discos do jornalzinho da Escola Colibri.

Para resumir ao extremo, não é um disco do Metallica. Poderia ser gravado por qualquer grupinho de nu-metal que não faria diferença. Kirk Hammet – que mostrava desde a longínqua “Hit The Lights” ser um dos melhores solistas de sua geração – passa batido pelo disco. Um crítico carioca chegou a sair com uma de que o disco exigia mais técnica da mão direita. Bem, na minha terra o que exige mais técnica de mão direita é punheta. Os guitarristas de nu-metal não solarem é compreensível, já que ninguém no gênero parece ter muita intimidade com os instrumentos. Mas esse nunca foi o caso do Metallica.

A bateria de Lars Ulrich é outra coisa assustadora. No lugar de sua caixa inconfundível botaram uma lata que às vezes parece mais uma marimba de tão aguda – sem contar que algumas passagens têm um cheirinho (melhor dizendo, uma catinga) inconfundível de overdub. Como o próprio Dapi comentou em e-mail, um ser humano precisaria de seis braços de dois corações para desenvolver aquela velocidade. Mas mesmo essa velocidade é vazia, acaba caindo nos poucos fraseados burros de bumbo e caixa que fazem a alegria dos caras nas terras do Tio Sam.

Ok. É realmente difícil apontar caminhos novos no rock pesado. Alguns nem tentam, como o Iron Maiden, que grava o mesmo disco desde “Powerslave”. Outros – com destaque para Rush, Queensrÿche e o próprio Metallica (nos subestimados “Load” e “Re-Load”) – tentaram sem que o esforço fosse recompensado. Os três cometeram um erro de avaliação fatal no mercado americano – acrescentaram coisas ao gênero, tornaram-no mais rico. Na Europa isso cola, nos EUA, não. O que se vê lá é que o heavy metal só muda por subtração – tiram-lhe a alma, a habilidade, a criatividade. Uma geração boçal requer mesmo uma trilha sonora boçal. Só não precisava o Metallica aderir à boçalidade.

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