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terça-feira, 16 de dezembro de 2003

Saudades do idioma

Hoje de manhã eu estava vendo uma reportagem na TV que falava de avanços científicos no combate ao crime, tendo como gancho a primeira condenação no Brasil de um homicida com base exclusivamente nos testes de DNA.

Aí lembrei de uma aula de biologia há uns 25 anos, quando ouvi falar pela primeira vez de DNA, só que não era DNA. Naquela época ainda nos referíamos ao ácido desoxiribo-nucleico com ADN. Somando-se a essa curiosa inversão de siglas o fato de sermos o único país latino no qual a Síndrome de Imuno-Deficiência Adquirida é chamada de Aids e não de Sida, fica bem claro que estamos perdendo o idioma.

Não se trata de ser contra estrangeirismos – acho restaurante (do francês restaurant) muito melhor que “casa de pasto” –, mas, quando começamos a usar siglas em inglês para palavras em português e a mudar o sentido de nossas palavras, a coisa realmente complica. “Penalizado”, que quer dizer “com pena de” já virou sinônimo de “punido”. Mesmo no auge da influência francesa no Brasil, “portanto” não ganhou o sentido de “entretanto”.

Claro que a má qualidade da educação ajuda a matar a língua. As pessoas hoje não conhecem mais a lógica do idioma. Gente com nível superior não é capaz de se fazer entender falando, o que dirá escrevendo. Qual a saída? Não faço a menor idéia – e isso torna ainda mais triste o cenário.

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