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domingo, 15 de agosto de 2004

O tempora, o mores

Eu não gosto de reggae. Posso dar 342 motivos, todos eles ligados a música, mas é mais fácil resumir a um: o reggae não me emociona, não me toca. Se você, eventual leitor, gosta, parabéns. Cada pessoa reage emocionalmente de uma forma. Seria muito chato se todos gostassem do mesmo tipo de música, especialmente se fosse sertanejo...

Mas o ponto aqui não é esse. Assim que entrei no Orkut fui convidado a participar de uma comunidade com outros desapreciadores de reggae. Mesmo sem ver muito sentido em comunidades de antagonismo - prefiro ignorar o que não gosto -, fui lá ver qual era.

Prezados, fiquei chocado. Não sabia que, para não gostar de reggae, era condite sine qua non ser racista. Era um tal de "macacos" pra cá, "piolhentos" pra lá, "maconheiros" mais adiante... Eu ainda tentei argumentar numa mensagem que Jimi Hendrix era negro, Lenny Kravitz usou dread locks durante muito tempo e que o Black Sabbath tinha uma música (Sweet Leaf) inteiramente dedicada à maconha. Fui ignorado e o papo continuou como se fosse sala de Chat da KKK.

Cacete, rock'n'roll nasceu mulato. Keith Richards disse uma vez que (ainda) queria ser Chuck Berry. Os quatro primeiros (e melhores) discos do Led Zeppelin são releituras de blues, a coisa mais negra que existe. E ainda assim tem roqueiro racista, gente que justifica seu gosto musical pelo mais rastaquera preconceito.

Claro que eu já dei o fora da dita comunidade. Prefiro continuar desgostando de reggae quieto no meu canto a me misturar com essa gente.

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