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terça-feira, 9 de setembro de 2003

Glacê de titica

Experimente fazer um bolo (ou comprar, se não tiver intimidade com a cozinha) bem suculento, de preferência com um pouco de rum na massa, recheado com baba de moça ou doce de leite. Maravilha, não? Agora pegue um pote bem cheio de fezes. Pode ser de qualquer tipo, tanto faz. Cubra todo o bolo com ela – use uma colher de confeiteiro para ficar bonitinho, faça uma decoração fecal no bolo.

Repare uma coisa: o bolo perdeu completamente sua atração e sua finalidade, e nem por isso as fezes ficaram mais apetitosas – a não ser que você seja uma mosca ou tenha alguma perversão muito doentia.

Pensei nessa escatologia ao ouvir no rádio um troço chamado “Sing For The Moment”, no qual Eminem despeja sua usual boçalidade withe trash em cima de “Dream On”, primeiro sucesso do Aerosmith. Suas letras (se é que se pode usar a expressão) passaram da glorificação da violência para a auto-justificativa, mas não consegue sair do estacionamento de trailers. Refletem maravilhosamente a indigência mental que tomou conta da América e é festejada por aqui também.

“Ah, mas os autores permitiram.” Claro, isso representa dinheiro. Cada ameba que comprar o CD para ser chamada de cadela (“mulher” no estranho idioma rapper) vai estar contribuindo para a conta bancária de Stephen Tyler e Joe Perry. A coisa é cada vez menos show e cada vez mais business.

De qualquer forma, nessa receita o bolo fino que era “Dream On” deixou de ser comestível. Mas e o rap de Eminem, ficou mais apetitoso? Francamente? Acho que as moscas nem notaram.

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