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sexta-feira, 23 de julho de 2004

Samba do candidato doido

Durante a eleição presidencial de 2000, os jornalistas norte-americanos Jacob Weisberg e William Saletan coligiram os famosos Bushismos, frases tiradas de discursos e entrevistas mostrando a pouca intimidade do então governador George W. Bush com o inglês e com o raciocínio lógico.

Agora, além de manter os Bushismos, Saletan inaugurou os Kerrysmos, dedicados ao candidato democrata, John Kerry. Não que Kerry seja burro, longe disso. Mas é do tipo que não é contra nem a favor, muito pelo contrário. Quer alimentar a onça poupando a vida do boi.

Um ótimo exemplo é o trecho abaixo. Diante de uma pergunta, Kerry conseguiu dar, na mesma resposta, quatro opiniões diferentes e, de certa forma, conflitantes (estão numeradas para facilitar a leitura). A rigor, sua opinião sobre o aborto se resume a "sou contra a prática e a favor do direito" - exatamente a minha -, mas a embromação verbal chega a ser assustadora. Confiram.

- Para o senhor, o aborto é uma grande questão moral?

- Claro que é. Com certeza.
1) E eu acho que é mais complicada do que a vida pública permite que a discussão seja. Quer dizer, ser a favor da escolha não significa que você seja a favor do aborto. Nem eu nem Teresa somos a favor do aborto. O aborto deveria ser raro,
2) mas seguro e legal, como dizia freqüentemente o presidente Clinton, apropriadamente, acredito. Acho que a questão realmente é quem deve tomar a decisão, como chegar a ela.
3) Mas essa é uma moralidade. Claro que há moralidade envolvida. E acho que deveríamos estar falando com as pessoas na América a respeito de responsabilidade, a respeito de adoção, a respeito de outras escolhas. E eu quero ter uma conversa melhor do que a que temos sobre o assunto.
4) Mas isso não muda minha posição quanto a quem escolhe. E vou proteger esse direito à escolha.

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