Torço que não, mas...
Antes de mais nada, alguns esclarecimentos úteis:
- Tenho Luís Fernando Veríssimo na categoria de ídolo.
- Sou rubro-negro de berço e estou torcendo alucinadamente para que o Flamengo escape do rebaixamento no Campeonato Brasileiro - daí estar feliz da vida com a vitória sobre o Palmeiras.
Isto posto, não dá para concordar com a coluna que Veríssimo publicou hoje no Globo. Nela, um proverbial marciano fica chocado ao saber que, por conta do regulamento, o já deficitário campeonato corre o risco de perder na sua elite a maior torcida do país. Fico surpreso que Veríssimo - em tudo um saudável crítico da lógica imoral do mercado - pense no campeonato como uma equação mercadológica.
Como disse, torço desesperadamente para que o Flamengo não termine a competição entre os quatro últimos da tabela. Mas, se terminar, tem que cair. Aturar meus cunhados vascaínos nesse caso seria o inferno na terra, mas é o preço a pagar.
Eu acredito - e ninguém é obrigado a concordar - que dois dos grandes problemas do Brasil parecem ser nossa incapacidade atávica de respeitar regras mínimas de organização e nossa complacência com a mediocridade. O Flamengo não está suando sangue para escapar do rebaixamento porque os Deuses são maus. Está por pura incompetência, por desorganização técnica e administrativa.
O time que hoje detonou fora de casa um dos líderes do campeonato foi o mesmo que tomou de seis do Atlético Mineiro - colega de Zona da Morte. Dá para reclamar se cair? Não. Como não dá para aceitar um tapetão.
Lembram do Fluminense nos anos 90? Caiu para a segundona, mas escapou graças a uma virada de mesa - numa das imagens mais patéticas da década, o então presidente do clube chegou a estourar um champanhe para comemorar a desonestidade. Resultado, conseguiu ser o único time rebaixado para a série B duas vezes seguidas e ainda amargou uma descida para a terceirona. Foi só aí que começou a atacar de fato seus problemas e voltar a crescer. Não é à toa que está em primeiro entre os cariocas no Brasileirão.
Desculpem o simplismo, mas eu realmente acho que não dá pra ser ético em meio expediente.
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