Histórias de família II
Essa aconteceu na mesma época – fim dos anos 40, início dos 50. Quando a situação permitia, meus avós iam flanar na fazenda do seu Schmidt, lá para os lados de Barra do Piraí. A casa do alemão era um proto-hotel-fazenda – sem os luxos modernos, claro. Os moradores da cidade se hospedavam lá para curtir a natureza, ver tirar leite da vaca (e passar mal com o leite puro) e andar na charrete puxada pelo jumento Gato Preto.
Numa dessas férias por lá, estavam todos os hóspedes juntos tomando aquele magnífico café-da-manhã de fazenda quando o anfitrião começou a brincar com a criança mais nova da mesa, minha madrinha, com uns três ou quatro anos.
“Focê está gostando da fassenda, Ifa Marria?”
Ela fez que sim com a cabeça.
“As coissas aqui son diferrentes das da citate, non?”
Ela fez que sim com a cabeça.
“E o que focê fiu de mais diferrente? Fala, Ifa Marria.”
Ela respondeu:
“O peru do Gato Preto. É graaaande.”
A gargalhada foi geral, mas meus avós queriam que um buraco na terra os tragasse.
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