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segunda-feira, 11 de agosto de 2003

Histórias de família V

Contei algumas histórias do lado Pimentel (materno), então nada mais justo que relatar algumas do ramo paterno (da Luz), até para mostrar que é desse lado que vem a tradição do kardecismo suíno.

Meu padrinho, irmão caçula do meu pai, trabalhava na Igrotec, uma empresa na Zona Norte. Lá era colega (e amigo, acreditem) de um cara chamado Sólon, que sofria de asma. Com todo o respeito aos que padecem desse mal, a doença tem um sério aspecto psicológico, pois nada detona mais facilmente uma crise do que ver-se privado da bombinha.

Para provar essa teoria, Tio Zeca escondeu a bombinha do Sólon no começo de um dia de trabalho. Como a vítima não deu pelo furto, continuou respirando normalmente. As horas se passaram e até meu tio esqueceu da brincadeira.

Depois do almoço, Tio Zeca teve que sair a trabalho e (claro) esqueceu de deixar com algum cúmplice a localização da bombinha. Vale lembrar que isso se passou na década de 70, quando celular no Brasil ainda era ficção científica.

Horas depois, meu tio voltou e encontrou um rebuliço no trabalho. Estavam todos em volta do Sólon, que, já roxo, puxava o ar com a maior dificuldade e repetia uma frase quase como um mantra.

“Hiiiinnm (onomatopéia de asmático tentando respirar), eu mato aquele filho da puta. Hiiiinnm, eu mato aquele filho da puta...”

O fato de eles terem continuado amigos prova que o ser humano perdoa qualquer coisa.

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