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sábado, 18 de junho de 2005

Soltaram o morcego

Soltaram o morcego

Batman begins não é o título ideal para o filme que acabo de ver. Nem me refiro à patuscada de usar no Brasil o título em inglês, não. Por uma questão de coerência com as versões anteriores, deveria se chamar Batman at last. Pela primeira vez se fez um filme cujo objetivo era contar a história do Homem-Morcego, não servir de veículo para os delírios visuais de Tim Burton ou as fantasias homoeróticas de Joel Schumacher.

Vi o primeiro Batman de Burton na estréia (estréia mesmo, primeira sessão no Odeon). Saí do cinema impressionado com o visual do filme, mas insatisfeito. Não era Batman, era "Batman de Tim Burton". Para transformar o baixinho e franzino Michael Keaton (um dos mais clássicos miscastings do cinema) no herói foi preciso enfiá-lo numa armadura que o transformou num Robocop. Aliás, até o Robocop tinha mais mobilidade que ele.

Transformar o Coringa no assassino do casal Wayne foi uma tijolada, jogando para escanteio a relação de contraponto entre ele e Batman. Da mesma forma, Burton "reinventou" o Pingüim e a Mulher Gato na continuação. Por fim - e esse é motivo de uma querela eterna aqui em casa - centrou suas histórias num personagem que não existe: Bruce Wayne.

Dos filmes de Schumacher nem vale a pena falar, ainda que eu considere Val Kilmer o Batman menos ruim daquele ciclo. No terceiro filme, Jim Carey (Charada) e Tommy Lee Jones (Duas-Caras) ficam disputando quem teria sido o melhor Coringa. Do quarto, então, com George Clooney, não há nada que se possa dizer de bom.

Chegamos então a esse. Vou tentar ao máximo não cometer spoilers. Num dado momento, um personagem fala a verdade que Burton preferiu ignorar: Bruce Wayne é a máscara. O personagem de verdade é Batman. Ainda que a fantasia de morcego só apareça na segunda metade, é Batman que está ali desde o começo, treinando com o personagem de Lian Nesson - uma espécie de Qui-Gon Jinn sith.

O filme é inspirado em Batman - Ano um, de Frank Miller - que, na época, chamávamos de "a mini-série do tenente Gordon". Personagens como o mafioso Falcone e o policial corrupto Flass estão lá. A seqüência final é quase idêntica à da revista, assim como um recurso engenhoso que Batman usa quando é encurralado pela Swat.

A personagem de Kate Holmes não é "a namorada do Batman". Ela é a pessoa do herói na promotoria, um papel que, na revista, era desempenhado pelo promotor Harvey Dent - futuro Duas-Caras. Christian Bale está excelente como Batman - excelente a ponto de não ser engolido por feras como Neeson, Michael Caine (Alfred), Morgan Freeman (Lucius Fox, o armeiro de Batman) e Gary Oldman (Gordon).

Dessa vez não há nada de risível ou patético nos vilões. Todos os outros eram, de alguma forma, vítimas. Falcone e o Espantalho não. São movidos por ganância e desejo de poder. Sem falar no vilão de verdade na história - aliás, o meu favorito entre os inimigos de Batman. Mas aí eu não posso detalhar, se não vira spoiler demais.

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