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sábado, 3 de abril de 2004

Samba do ensino doido

Ontem o governo anunciou com estardalhaço uma nova avaliação para medir a qualidade do ensino básico. A mola mestra será uma prova a que serão submetidos todos os alunos. O objetivo não é saber como está a educação pública básica - todos sabemos que está um lixo -, mas identificar os principais pontos de carência e desenvolver ações para melhorar a base da educação brasileira. Hoje a avaliação é feita por amostragem e, segundo o MEC, não reflete a realidade. O programa prevê, também, a avaliação dos professores e das instituições.

Tudo muito bom, tudo muito bem, mas vale lembrar que há alguns meses, durante sua gestão indigente, o então ministro Cristóvam Buarque destruiu o Provão do ensino superior - possivelmente a única coisa boa da gestão de Paulo Renato na Era FHC. A desculpa para ceder ao lobby da UNE e das faculdades era que não seria necessário testar todos os alunos, bastava fazer prova por amostragem. Por uma questão de coerência, o MEC devia agora voltar atrás na besteira do antigo ocupante - mesmo tendo que assumir que ele era incompetente.

Outra coisa, é importante ver o que vai ser feito com o resultado dessa pesquisa. O Provão, é bom lembrar, comprovou a noção empírica de que a qualidade de ensino restringia-se às universidade públicas e a um punhado de centros de excelência particulares. Na prática, isso não significou muita coisa, uma vez que o Conselho de Ensino Superior, dominado pelas fábricas de diplomas, não permitiu praticamente nenhuma punição aos cursos de avaliação D e E, e ainda liberou a farra dos centros universitários, shoppings centers (inclusive na localização) de diplomas nas quais, como comprovou reportagem, até um analfabeto consegue entrar.

Só uma observação. Cobri com especial atenção Educação quando fui repórter e sempre foi uma das minhas áreas favoritas na época de coordenador da Nacional do Globo. Por conta disso, acompanhei o desenvolvimento e a aplicação do Provão. Posso dizer que uma das principais pedras de toque da UNE, de que o sistema só avaliava o aluno, é mentira. Pura e simples mentira. O Provão acontecia paralelamente a uma avaliação de currículo, instalações e corpo docente igualmente rigorosa - e cujos resultados, pela situação supracitada, nunca se desdobraram em ações concretas.

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