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segunda-feira, 10 de março de 2003

Vantagem da velhice

Fui à Inglaterra em 1997, durante a farra que Elio Gaspari chama de populismo cambial. Mesmo com o real ainda parrudo em relação ao dólar (e não fazendo feio diante da toda-poderosa libra), várias pessoas alertaram-me que os CDs eram caríssimos. Entretanto, os que previam minha iminente bancarrota nas terras de Sua Majestade não levaram em conta um detalhe: caros são os CDs em lançamento. Quem, como eu, buscava coisas do fim dos anos 60, início dos 70 e posteriores só na categoria bem tocado, encontrava promoções estonteantes. Comprei um Deep Purple In Concert duplo pelo equivalente, na época, a R$ 18. Desnecessário dizer que voltei carregado.

Lembrei-me disso ao comprar ontem, por R$ 19,90 numa banca de jornal, o DVD Exit Stage Left, do Rush. Em casa, dei-me conta do paraíso que esses DVDs de banca são para quem gosta de rock do tempo em que, entre comprar a guitarra e fazer sucesso, o artista aprendia a tocar. Cinco Deep Purple (um deles quase o Made In Japan e outro o próprio Califórnia Jam), dois Black Sabbath, um Hendrix, três Yes, um Jethro Tull, dois Rush, um ELP (Pictures At An Exibition!!!), dois Iron Maiden, um Joe Cocker (sensacional) e por aí vai.

Quem quer o novo DVD de algum rapper grunindo sobre como quer estuprar a própria mãe ou da bandinha alternativa de disléxicos musicais que vai revolucionar o rock durante 15 minutos até ser esquecida pelo próprio assessor de imprensa, pode pagar 50 pratas numa Saraiva da vida.

Ah, se você dividir o preço pela quantidade de notas tocadas, essa disparidade vai à estratosfera.

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